terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Proposta Colaborativa

Publicar um bom livro exige muita dedicação, disciplina, talento e... grana. Diante da escassez desse último elemento, elaborei uma proposta de colaboração solidária para mobilizar pessoas que se identifiquem com o meu trabalho para ser um dos financiadores desse novo rebento; Para brisa reúne 64 poesias inéditas, com ilustrações de Célio Luigi e Pim Lopes. O material encontra-se já revisado e em fase de “arte finalização”.
A angariação coletiva de fundos (“crowd funding”) é uma prática bastante difundida em outros países, utilizada principalmente para apoiar projetos de músicos e artistas plásticos independentes. Então, caso tenha interesse em participar, seguem informações:
(por Célio Luigi)
ETERNO RETORNO
Ao colaborar com essa proposta, você receberá:
1 - exemplar do livro Para brisa contendo o seu nome  impresso na página de agradecimentos e uma dedicatória personalizada.
1 - Arquivo PDF do meu 1º livro (Tratado sobre o coração das coisas ditas), através de e-mail para ler no computador, tablet ou imprimir.
1 – Marcador de páginas.
Divulgação do seu nome e foto como apoiador (a) do livro no meu blog oficial.

CUSTO, PRODUÇÃO E ENTREGA

O livro custará 20 reais. Com acréscimo de 5 reais para entrega em todo país, via Correios. Portanto, quem não puder comparecer ao lançamento ou retirar o livro comigo, poderá recebê-lo através dos Correios mediante o pagamento dessa taxa de postagem.

O lançamento ocorrerá até dia 12 de março de 2013, no Sarau Suburbano Convicto, localizado no bairro do Bixiga, São Paulo-SP.
Tiragem de 80 exemplares. As 15 primeiras pessoas a efetuarem o pagamento, receberão, junto com o livro, uma poesia exclusiva e escrita manualmente.

COMO COLABORAR
O pagamento poderá ser feito até dia 30 de janeiro, através de depósito bancário ou diretamente comigo.
20 reais será o valor definitivo do livro, ou seja, garantindo o seu exemplar nessa pré-venda, você pagará o mesmo preço da data de lançamento, receberá os mimos mencionados anteriormente e ainda vai colaborar para que meu livro vá para o papel.  Legal, né?
Em caso de transferência ou depósito bancário, é necessário que me envie e-mail confirmando o pagamento e o nome que deseja que conste na página de agradecimentos. Segue e-mail para contato: nibrisant@bol.com.br


Meus dados bancários:
Banco: Bradesco
Ag. 99
Conta corrente: 401260-7
Titular: Nivaldo Brito dos Santos

Desde já, valeu!

Ni Brisant
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quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Outras versões não identificadas

Os últimos exemplares do Tratado acabaram em setembro do ano passado. Desde então, tem chegado vários pedidos para que faça outra edição desse livro. Eu gostaria de levar o Tratado mais adiante, pois acredito muito na força e verdade que ele carrega, mas por ser uma publicação totalmente independente, não tenho grana suficiente pra fazer uma nova impressão agora. #acontece
Mas não tem revolta não. A boa notícia é que Para brisa, meu próximo livro, já está na fase final de edição e, assim que estiver pronto, quem adquiri-lo, receberá gratuitamente a versão original do Tratado em PDF por e-mail, para ler no computador, tablet ou imprimir. Uma boa, né?
A partir da próxima segunda-feira (21/01) começará a pré-venda de Para brisa aqui. Se ligue, porque serão apenas 80 exemplares. Se perder, não ganha. (rá!)
Até lá, confira abaixo poesia e ilustração contidos no Tratado.
Abraço e coragem!
Outras versões não identificadas
Sou estrela com mania de grandeza,
seguindo órbitas que a vista não alcança
toco a distância dum tempo ultrapassado
foragindo espaços de solidões coletivas
projeto labirintos em seus planos
e mesmo sem chegar onde ia
minha missão vai ainda mais longe
para devolver a essência da tua virtude.

Sou homenino, ourives de corações,
adulterando o espírito dos verbos
na temperatura que viola o estado do ser
enquanto restauro bens depreciados virgens
recordo como os gigantes se fazem
e invisto todo o meu tempo nesse presente
para desenterrar a matéria dos sonhos
que alimentam a grandeza do seu amor.

Sou defeito de fabricação sob encomenda,
recuso toda a lógica dos delírios parcelados
e como não sirvo para agradar gostos fáceis
exponho minhas frações em rastros fundos,
refletindo outras versões não identificadas
exibo velhos egos em ousadias sem etiqueta
e descarrego o peso do nome que me prende
só para provar o quanto também posso ser você.

(Chosa)


segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Para brisa

Depois de oito anos vivendo em SP, este foi o único ano que não entrei em uma sala de aula para estudar. Ainda assim, as pessoas, os abraços, as palavras e os saraus, que estiveram comigo nesse período, me apontaram ensinamentos que eu jamais poderei esquecer, lições para a vida inteira.
Houve momentos de desespero sim, muitas coisas deram errado no trabalho, projetos não puderam ser realizados, faltou grana, enfim, 2012 não foi fácil. A vida se impôs; mas dos fracassos, ficaram cicatrizes e o exercício de levantar-me.
Não vou retroceder, nem ficar medindo o tamanho dos sucessos e tombos desse ano. Venho aqui, nessas últimas horas de 2012, anunciar o lançamento do meu próximo livro: Para brisa e desejar que amanhã seja um dia melhor. Mas que também sejamos pessoas melhores nesse novo ano que chega. Que nossa arte siga na mesma direção e, ainda que distantes, estejamos unidos.
Que a vida seja justa com a nossa caminhada e não nos permita vacilar nem desistir, pois somos jovens, e apenas começamos.
Com todo coração,
Coragem!
(Tenda Literária - 01/09/2012)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A caminho


Eu queria janela, mas só tinha corredor. Tudo bem. Mais importante era viajar. A passagem custou-me 186,48 dinheiros, que consegui ao vender a roça de mandioca e minha bicicleta. Com a venda da farinha, mais a bezerra e uns rolos, juntei 150 dinheiros e me piquei pra São Paulo. Eu tava decidido a fazer Letras, custasse o que custasse; fosse lá o que Letras significasse.
Eu não tinha datas pra comemorar até o dia em que sentei na poltrona nº 32 da viação Gontijo. Do lado de fora do buzão, minha barreira (nome dado à galera, gangue, turma) gritava pequenas obscenidades, me dava tchau, me tirava o ar enquanto me dava forças. Naquele instante não suspeitei que lamentaria pelo resto da vida por tal erro: não ter dado um abraço em meus amigos. Um abraço. Baiano sabe chegar, não sabe se despedir, penso eu.
Aquilo era 17 de dezembro de 2004. Eis aqui o canhoto da passagem, que não me deixa mentir. É claro que a minha história não começou naquela tarde, na rodoviária de Acajutiba, com aquele povo reunido, tudo pronto pra dizer "Deus lhe abençoe!", "dê lembranças a Zé Carlos", "cuidado com as primas", "tem dez conto aí pra me emprestar?"... 
É certo que eu não nasci ali. Mas a partir daquele dia, comecei a sentir falta das coisas mais bestas, como pilotar carroça, brincar com sobrinhos, pegar um baba: casados contra solteiros, beber e pedalar, pedalar. Detalhe: depois dali, ninguém nunca mais me chamou por Nicolau, Nivaldinho, seu poeta, o fio da dona Maria... Por Ni ainda chamam, mas Ni é diferente, né? 
Depois de um dia e duas noites de viagem, desembarquei no Tietê com o coração todo nervoso. Lembro bem, gastei 30 dinheiros só com lanches no caminho. Eu tava traumatizado: "como pode um pão com carne custar 7 dinheiros?" No Barreiro, o cara tinha que trabalhar 9 horas embaixo dum sol lascado pra ganhar 10 contos... "Como pode?"
Minha roupa caberia numas duas sacolas dessas de mercado, mas como é de conhecimento de todo vivente, retirante é mula: transporta tapioca, farinha, doce de leite, jaca, bala, carne de bode e tudo mais que seja removível e não supere a cota de 30 quilos estabelecida pelas empresas de ônibus. Em outras palavras, cheguei carregado de beregats (nome dado às tranqueiras, muambas). Tudo bem. Mais importante era viajar.
Era 7 da manhã e eu já tava andando pelas ruas de São Paulo. Vi duas meninas de cabelos coloridos num ponto de ônibus em Moema. "São punks", alguém disse. "Quer dizer que isso é que é ser punk?", pensei. "Decente!", concluí.
No trajeto Terminal Tietê-Cocaia, vi um prédio feito todo de vidro (como pode?), uns caras com as calças lá em baixo e um monte de coisa doida. Eu tava todo bestão.
Era domingo, comi biscoito com coca-cola no almoço. Na MTV passava o clip "Hey Ya", do Outkast, na Globo passava anúncio do "Meu tio matou um cara" e, no meu coração, tudo ficava; Passei os meses seguintes com três pensamentos no lugar das ideias: como fazer pra fazer Letras; como será que tá minha barreira; como é que pode...
Enquanto o tempo fazia o papel dele, fiz o que sei. Estudei e concluí o curso de Letras em dezembro de 2008; Vi minha filha nascer em março de 2011; Escrevi e em novembro de 2011 lancei meu primeiro livro. Sim, hoje eu tenho datas para comemorar. 
Essa semana completou 8 anos que cheguei aqui em São Paulo. Nem tudo foi flores. Existe ainda saudades, fracassos, perdas, separações, apertos e perigos a superar. Mas existe também vontade, amor e coragem. Existe minha barreira. 
Tou a caminho. Não cheguei lá, nem descobri onde fica esse lugar (lá). Sei que mais importante é viajar. 
Uma vez perdida, toda força será encontrada.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Tão bom quanto estar lá, é ser lembrado

Meu gol de placa não é ver seu livro na lista dos mais vendidos. Ser lido. Eis minha apoteose. Toda vez que ouço uma opinião sobre algo que escrevo ou uma poesia que recito, me sinto meio Pelé, honrado e feliz. Dá uma alegria danada saber que existem pesssoas utilizando meus textos em sala de aula, citando minhas ideias nos saraus, em teses, artigos e músicas.

(Sarau Pensamento Negro - Embu Guaçu)
Ontem li um artigo em espanhol no qual a autora Fernanda Matos fala com propriedade sobre Literatura Marginal, contextualiza os saraus realizados nas periferias paulistanas e cita o Tratado sobre o coração das coisas ditas. Sensacional. Segue trecho abaixo:
"en una mezcla de géneros cortos como la crónicas y la poesía, trata de temas que van más allá de retratar espacios marginales y problematizan cuestiones inherentes al ser humano como las planificaciones para el futuro, el lidiar constante con la insatisfacción por la vida, consigo mismo, con los problemas sociales, abarcando hechos que marcan profundamente el hombre como el nacimiento de un hijo o la ruptura de una relación amorosa. En un texto suyo el autor opina sobre la crítica literaria y levanta cuestiones interesantes sobre los procesos que legitiman o no una obra, es decir, de qué campo cultural e ideológico apropiándose términos bourdieanos, se clasifica, se da valor y si realmente el que critica sabe criticar o mejor como en la analogía que hace si aquel que degusta sabe cocinar..."
Estudante da Universidade do Chile, Matos faz referência a alguns dos nossos autores e discorre coerentemente sobre a cena literária marginal. Para ler o artigo inteiro, clique em La élite tiembla – literatura marginal como instrumento de transformación social.
Hoje também tive meu trabalho citado na matéria "Gente de Talento", da jornalista mineira Ana Márcia  de Lima. Meu coração ainda está rindo com esse reconhecimento e carinho. Leia: Diálogo Invisível.
Coragem!