terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

Nitroglicerina

A arma, a palavra
pólvora de poeta
o ponto que dispensa
a reza que a vela faz
sem reticência
iconografia do Grande Sertão
Sarau mais que coletivo, tatuagem
ser que habita o meio,
o perigo e os ísmos e os irmãos
da terceira margem,
ao firmamento.
Monty Pitton brasileiro,
fez de oxente, ogiva
sua língua de sultão
E se ele tivesse seu próprio dicionário,
oxente seria ogiva
piriguismo de sultão
E se nenhuma flor
nascesse na primavera
plantaria o amor
seu peito, nordeste infinito,
onde os pássaros procuram abrigo,
adubaria com cachaça a terra.
Dá sua essência pra essa gente
pro caos se instaurar
boxe e ceia, rock'n roll, Roxanne,
foda tântrica na ponta da língua
dá nitroglicerina
seja sempre você
Essa forma humana de T.N.T


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Hoje tem Sobrenome Liberdade

✥ O desafio é resistir ✥ 

◢◣Traga seus amigos, seu amor, sua arte ◢◣ 
Muito mais que fazer poesia - queremos viver histórias dignas de serem lembradas. 
♝ Vamos juntoϟ ♝

★ Noite de autógrafos dos livros ★
┼ Ângela, um jardim no vermelho, de José Sarmento;
✥ Cravos da noite, de Willian Delarte;
► Te pego lá fora, de Rodrigo Ciriaco;
✿ Intervenção do poeta/causador: Daniel Viana e sua máquina de colher histórias. Trocando um causo por um conto.
♝ Varal e projeção de fotopoesias de diversos artistas; 
★ Distribuição gratuita de postais do Projeto Praga;
✥ Rifa de livros.

★ Nosso tempo é agora.
Chegue junto!

Quinta-feira (5/2), a partir das 19h30.
Grátis. Nós por nós!
Endereço: Relicário Rock Bar: Rua Manoel de Lima, 178

Curta a página do movimento: https://www.facebook.com/sobrenomeliberdad
Apoio Cultural: Relicário Rock Bar

♝ Esta é uma iniciativa totalmente independente (sem qualquer patrocínio da iniciativa pública ou privada).



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Sessão de fatos

Eu e o Victor Rodrigues estamos escrevendo microcontos a partir de fotos na Sessão de fatos do Facebook. Curta a página e envie uma foto sua in box. Daí escreveremos algo pra você. Simples assim. Segue um tira-gosto:

34 passos contados para meia volta e logo estarei invisível — pra variar. o segredo está no cruzamento. a trilha é mão única. bom sinal é o que lança fora.
troquei o sangue do teu aquário por 16g de solidão. deixei panelas na pia. encarei o abismo que nos cerca — nunca estaremos novamente tão expostos quando vestidos. 

(foto: Janaina Moitinho)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Bento

teu berço é abraço
teu passo evoé
o silêncio entre as notas da medulla
o espaço entre as casas do zodíaco
o vermelho entre os céus dos caninos
o polegar entre as maçanetas do coração
o suspiro entre as férias da Flora
entre.

e
se o tempo parar de brincar com seus cabelos
consulte as nuvens
conserte as nuvens
até que elas se tornem seu segundo sangue.

sagrado será todo caminho
que trilhar com amor
e coragem tamanha
que será capaz de apanhar sua própria alegria
onde antes era não.

espere nada dos sonhos.
habite-se.
o impossível não diz mas.

Bento, meu coração que pulsa fora do peito,
nunca é tarde para um café e um bom dia
sobretudo quando sonha
se
menos chão 
mais céu
sins.


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Prefácio: Páginas envenenadas

O perigo mora dentro
Universal e particular, Páginas envenenadas é o itinerário para uma jornada de extremos, que dispensa passos óbvios e abusa de saltos mortais. Com sua poesia exclamativa, Guilvan Miragaya apresenta um eu-lírico em constante rota de colisão contra a inércia. Suas reflexões demonstram que não basta compreender o mundo e a vida, é preciso não se submeter, não se alinhar, não.
Os sonhos deste poeta levantam a bandeira de uma pátria em evolução, mas cuja identidade ainda é uma multidão em fuga, engenhosas peças da vida que vão além de perdas e lutas.
A partir de um canto da realidade, Miragaya cria enredos (aparentemente desconexos, mas sólidos) invocando figuras de sua saudosa infância, repleta de animais fantásticos e sonhos de caminhadas sem despedidas.
Intacto, escondido em todas estas páginas, está o sentimento mais elevado, aquele que não se detém no corpo. É preciso todo coração para compreendê-lo como a grande maravilha.
Nem beira do lago, nem mar: Lágrimas da garoa.
Nem chuva, nem garoa: água.
Nem ausência, nem distância: poesia.
É assim, utilizando notas do cotidiano e bebendo na fonte dos gigantes que o poeta humano circula por cenários improváveis, na tentativa de romper a fronteira entre uma vida cinza e raios dourados.
Tudo é ocupação. Este livro é rico em referências, a começar pelo título, que dialoga com O nome da Rosa, do italiano Umberto Eco.
Não é apenas um questionamento ao fim do dia. Páginas envenenadas é a coluna de um homem insubordinado, amiúde subversivo. O registro de um sujeito que não se contém nos atos, nem nas palavras.
Aqui está a alma de um homem em movimento. Igual um oceano, não há como atravessar este livro impunemente. O perigo mora dentro. A Liberdade também.
Enquanto houver chão para ir, não faltará céu para voar. Dê o primeiro passo.
Boa viagem!

- Ni Brisant