quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Workshop Poesia como Start Criativo

Próxima semana estarei em Poços de Caldas trocando ideias sobre poesia, publicações e mais. Para informações completas, clique aqui


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Toda Via, (2015)

Obra de estréia de Michele Santos, divide-se em 5 capítulos - sobre a forma de conjunções adversativas: Entre/tanto, Com/tudo, A/pesar, Em/bora e Mas. Não por acaso, o livro é todo um emaranhado dramático d'um Eu Contradição.
Estética de miolos e torniquetes.
Vezes beirando o monossilabismo; outras com fôlego de Phelps. Nunca à toa. Aliás, há muito calcanhar em sua poesia.
Repleto de sinais (literalmente), o livro parece buscar o máximo que uma palavra pode dizer. E assim vai repartindo, cortando, esmiuçando cada sílaba, cada artéria dos fonemas.
Enquanto a maioria dos poetas contemporâneos baseia sua produção em temas jornalescos, causas sociais e modismos em geral, Mi optou pela contramão - fazendo bandeira de suas próprias vísceras.
Sua palavra é um caso à parte - mesmo. Não por inventar o som. Mas por ressignificar a voz de todo dia.
O livro tem projeto gráfico e diagramação do phodao Mixel Nogueira. E ainda conta com apresentação da poesia Janaína Moitinho.
Ah. Vou dizer mais não. Vá ler e procurar saber. Deixo vocês com este pedacin:
"Poemas são estratégias de fuga para tudo que não domino
cinema iraniano, domingos,
saber a hora de parar,
você."
*
Enquanto reli o livro e escrevi esta mini resenha tomei duas cervejas e uma para tudo café e escutei as bandas:
Infra Áudio
Camila Brasil
Vespas Mandarinas
Lou Reed

Obs. Este é o Bote Fé, projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.
Toda segunda-feira tem novidade na página: https://www.facebook.com/nibrisant/



terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ: Outro dia de folia, 2012

O trabalho quixotesco de Eduardo Lacerda à frente da editora Patuá tem resultado prêmios, arengas, chás de beber, tretas e muita literatura. Muita. 
Mas no meio editorial pouca gente sabe que, além de publicar e valorizar inúmeros talentos, Edu escreve. E sua pena é rica em intertextualidade, assonâncias e uma certa ginga manca de Adoniran.
Versos quebrados fazem pensar em outras alternativas para os poemas. Como se houvesse outro jeito de ser. Uma festa sobre LPs de Alceu Valença e Nando Reis.
Descompassos e dribles que remetem ao panteão dos orixás, citações bíblicas e livrescas (no melhor sentido), palavrões e uma melancolia ancestral - já anunciada na capa.
Edição e projeto gráfico de admirar. Fique aqui com um trecho e procure saber:
"Perco amigos
como
quem perde
dentes.

Como
quem
mastiga,
perco amigos

(E também os guardo.
deitados sob o sono do travesseiro,
à espera
de impossíveis
fadas)

Como quem guarda dentes que perde.
Como quem dói a noite inteira.
Como quem
os devora.
(...)"

Enquanto reli o livro e escrevi esta mini resenha tomei café e depois uma cerveja e escutei os CDs:
EP solto, de James Bantu
Vai na fé, de João Sobral
Dozicabraba, Emicida, Beatnick e K'Salaam
Alquimia sonora, de Viegas

Obs. Este é o Bote Fé, projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.
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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ: QUASE (um livro para crianças), 2015

"A poesia está guardada nas palavras - é tudo que eu sei. Meu fado é o de não saber quase tudo." Com esta citação de Manoel de Barros, o modelo-menino de Poços de Caldas, Daniel Viana, inaugura uma obra toda costurada por metalinguagens, desenhos-montagens e fantasia.
As ilustrações de Lígia Yamaguti dialogam e expandem a poesia. Como se houvesse cor para o silêncio...
Páginas em branco convidam o leitor a "aumentar" o livro. Fazem crer que livro é para brincar, de fato.
Como em seus trabalhos anteriores (100 contos por 10 contos trocados e Baseado em Causos Reais), Danie abusa da concisão, de parágrafos miúdos e lapidados.
Livro pra ler de uma sentada (tem menos de 50 páginas) e caminhar léguas com ele no coração.
Deixo o primeiro parágrafo de Quase aqui:
"Se um dia eu escrever
um livro para crianças,
ele será colorido
e de capa Duda.
Terá mais imagens que palavras."

Procure saber mais e leia gente viva. Ou não.
Obs. Este é o Bote Fé, um projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.
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Foto: Brisa de Souza

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Para Brisa (2013)

(para Flávia Brito)
Prefiro você
a ser triste
pensei
nunca disse
mas escrevo.

Escrevo
e sou agora minha própria escrita
figura e linguagem
figura de linguagem
um velho pugilista
que sobe ao ringue com o pé quebrado
e na metade do primeiro assalto
depois da esquiva
um gancho e dois cruzados
preso às cordas
desacredita
– o único homem a ser desafiado.

Soul
o que sempre quis
dragão e lança
queda e dança
rei e réu
rio e rã
– Rá
retirante de mim.

Soul
método e desobediência
métodos de desobediência
um prisioneiro na solitária
que serra uma grade de aço por ano
e faz dum plano de fuga sua oração diária
coragem!
impulso que precede o passo
o salto
a rebelião.

Sua paz não é calma
sua paz não é ordem
é _ _ _ _ .

Soul
vício e devoção
um morto
que senta pra comer sua marmita simples
e ao abri-la
ao invés do arroz branco e puro de sempre
uma pedra
não sustenta
não dá forças
inspira.

Sem rodeios
rascunho
palavra e silêncio
palavra e _ _ _ _ _ _ _.

Na dúvida, sou um tal eu
sem pêsames nem parágrafos
sou para-quedas parapeitos
paradigmas para-lamas
parabéns paranoias
para-choques para-raios.

Para nada e para o que for preciso
sou para viagem e para brisa.

Entre o vazio de lábios e olhares perdidos
sinto que hoje ainda vale a ida
mas se nossa história não couber nos livros
acabo aqui esse poema e vou pra lida.