terça-feira, 1 de novembro de 2016

No Uruguai

Poesia é um espirro
dentro do capacete.
Em agosto estive em Montevideo colando lambes, puxando saraus, ouvindo histórias e ministrando oficinas de escrita criativa... E passei em La Quimera Hogar Cultural, onde fiz esta apresentação mesclando alguns dos meus textos. O poema de abertura é do mestre Mario Quintana.
Gravação pelo querido Santiago Salles​
Valeu, Uruguai!
Um abração e borandar #Coragem


sábado, 22 de outubro de 2016

A memória do horizonte

Diante da hora mais dura do não
soube
O lado escuro do sol é
dentro
Sombra é meu único 
amuleto
aí óia lá
Traçar tramas, poemas e estratégias
desobedecer meus impulsos mais cardíacos
sem ver paz na solidão mais voluntária
,essencial para todo princípio,
foi puro equívoco
só me fez mais sal
Mas aí
O cisne negro nascido no ninho de patos ainda tem mais pares que a gente, né não?
ninguém se riu com nossas vitórias. pergunto por que nossa gente não se alegra com nossos trunfos? E nem tô falando de identidade, de poder nem de aplauso nem. É sobre agasalho, entende? Nunca usamos carnê para falar de gratidão.
Aí a gente aprendeu a se encontrar dentro, longe de açúcar. E foi miudin (na dúvida mais íntima) que nasceu nosso voo, passarin.
As intrigas são em maior número. Mas os amigos são melhores [e cada vez menos]; se disséssemos que a vida é feita de perdas e ganhos, estaríamos de acordo que ela é uma competição, disputa, negócios apenas; e nós sentimos outras coisas dela.
Gente [como eu e você] nasce faltando retas. sem mestre para trair. sem padre pra pedir bênça. órfão de sombra exterior.
Há uma magia perversa e sublime nas coisas definitivas: o vidro quebrado, um sentimento sem possibilidades, certas feridas que não levam à morte... No final, a gente é quem tem que aprender a lidar com isso. Não tem socorro ou piedade. Só cabe encontrar o antídoto dentro de nós - mesmos.
e já aviso aos amigos
abraço de ombros não soma pontos
umbigos é o que liga, manja?

E aí a gente descobre que ama alguém (de verdade) quando a pessoa conta uma conquista dela e você fica tão feliz quanto se a vitória lhe pertencesse. tendeu? Isso de provar que gosta só nos momentos ruins... Tá por fora.

A gente sonhava ser estrela
E não suspeitamos
Que já éramos todos
sós



quinta-feira, 7 de julho de 2016

Poesia é mover-se

Na última terça-feira (5/7) estive em Volta Redonda, no Centro Cultural Fundação CSN. Foi importante viver.
Fotos: Fábio Silvestre






































terça-feira, 17 de maio de 2016

Fábrica de ontem

Ser correto ou pecado são apenas maneiras distintas de estar só.
O horizonte só existe para quem mira o interior de olhos alheios 
e consegue guardar o sabor do silêncio. 
Passarinho é um diamante que esqueceu de acordar. 
E agora que consegui meu primeiro abraço de verdade, sinto que 
Poderia aguardar calmamente que aquela garota retorne no início da alvorada - me pedindo perdão, com um pacote de pães frescos, bolo de rolo e um danone e um beijo na boca de meia hora.
E eu poderia esperar convites para Feiras literárias, saraus, galerias, universidades; disputar concursos [destes que os jurados odeiam poesia, analisam seu sobrenome, seus contatos influentes, seu poder aquisitivo e experiência com subornos e cocaína]
Esperar que meus amigos me considerem um cara do bem - que fala camarada, empoderamento, coletivo, revolução e sistema em cada frase.
Pedi que toquem Vivendo do ócio na rádio e esperar que meus joelhos invejem os tímpanos - de tanto vibrar.
Esperar que as mães dos meus filhos me liguem falando sobre o dente que nasceu ou caiu, sobre uma nova palavra que as crianças aprenderam - enfim, que dêem notícia por qualquer razão, que não seja para cobrar meus intestinos. Pelo menos uma vez.E, por final, poderia esperar que o fim bata na minha testa perguntando se tem alguém aqui... Mas a morte já me ensinou demais. E até poderia, mas não tô a fim de esperar por.


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Na natureza asfalto

Levantou da cama
Como os vietnamitas dançaríam maracatu entre os campos de Minas
Preparou o café
Como a mãe arrumaria seu filho para o primeiro dia de aula
Escovou os dentes
como um lavador de carros poliria o mais novo lançamento da NASA
Cuidou do silêncio
como um oceano destruiria um castelo no coração Saara
Fechou a porta
Como um luthier daria o último ponto após uma cirurgia do miocárdio
Sonhou com um afeto derrotando o mal
feito um sorvete acariciando a língua de um dragão
Não foi trabalhar
Como se o fim fosse caso de atestado médico
Espera continuação
como uma criança quarentona aguarda o último episódio da caverna do dragão
E ainda há quem use fones de ouvido
nos olhos.