quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O Grande Ni

Na distância dos seus 103 anos, o vanguardista Oscar Niemeyer sustenta uma sobriedade e disposição encontradas apenas nos grandes homens. E já não se deixa amedrontar pelo ostracismo ou pela falta de reconhecimento, os maiores inimigos de todo artista (só deles?).
(Ni Brisant - Centro de SP)
Ao contrário do que se pode pensar inicialmente, a longevidade e o prestígio de sua fama não estão garantidos somente pela matéria bruta e colossal de suas obras. Nos seus traços, o concreto se transforma em poesia. Seus edifícios não têm fim neles mesmos. Servem para morar, agradar os olhos e tantas outras finalidades que não se esgotam. Construções feitas para gente. Parecem desenhos de um planeta, em que a linha reta e outras caretices nunca existiram. Quando se observa bem suas criações tortas e, ao mesmo tempo, modestas, ninguém diz que elas nunca estiveram ali. 
 Seus projetos são, antes de tudo, duelos com o impossível. Feitos para que não esqueçamos que é preciso desafiar tudo aquilo que não podemos. Sonhar é algo tão legítimo quanto as nossas necessidades mais básicas, como beber e comer.
(Ni Brisant - Av. Paulista)
Precisamos começar a reconhecer nossos heróis (!) antes que a velha dama de preto o faça. Talvez Niemeyer não “precise” das nossas homenagens, mas nós precisamos dele. Carecemos da vida, que encontrou nas medidas certas, disfarçadas de inexatidão, o que há de mais belo e que tem nas curvas, aparentemente despretensiosas, pistas para um futuro mais atraente. 
Seus monumentos são, por eles mesmos, um elogio à humanidade. O inanimado que aplaude o vivo, contradição que não se explica.
Niemeyer é um homem com tempo próprio. Nos seus gestos se manifesta uma generosidade madura de quem fala por códigos, que parecem querer dizer bem mais do que a nossa compreensão é capaz de captar.
A vida é importante; a Arquitetura não é. Até é bom saber das coisas da cultura, da pintura, da arte. Mas não é essencial. Essencial é o bom comportamento do homem diante da vida. A gente precisa sentir que a vida é importante, que é preciso haver fantasia para poder viver um pouco melhor. Palavras bonitas, né? Mas não fui eu quem disse não. Foi Niemeyer!
Para conhecer sua poesia concreta, vida e façanhas, acesse: http://www.niemeyer.org.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário