Além dos vários domínios 'improdutivos', venho observando a redução e a inatividade dos blogs autorais, ao passo que crescem e (repetem-se) as publicações destinadas a dar dicas e fazer listas. Sobram blogs com dicas de moda, beleza, amor e todo tipo de putaria que você imaginar (imagine e procure no Google pra ver). Assim como não faltam listas dos mais mais, 10+... top top puta que pariu!
Não vou discutir sobre a qualidade dos blogs, até porque não existe uma uniformização do que é publicado; e prefiro encarar essa diversidade de temas e propostas, características dos bloqueiros, como algo sadio e positivo. Cada um usa o seu blog da maneira que lhe convém, há espaço para os profissionais, os (aparentemente) largados e até para os marrudões que se dizem despretensiosos... Quase sempre, o blog é o primeiro passo de um projeto, um embrião, uma espécie contemporânea de diário aberto. Bem, pera lá. Blog é muito mais que isso, é independência com seu mel e fel, lixo e luxo, pós e contra... Entendeu, né?
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(Damásio e o Tratado) |
Ainda na faculdade, o Damásio me deu um texto para que eu lesse e pediu minha opinião sem mencionar que era ele o autor. Li e gostei, mas ao invés de começar pelas virtudes, eu descasquei apontando possíveis falhas. Sei que ele não é de guardar mágoas, mas eu nunca pude me perdoar por aquele dia... E eu que aprecio tanto a sua retórica concisa, sem rodeios, pronta.
Quando pensei em publicar o meu livro, fiz questão que Damas fosse a primeira pessoa a ler os originais. Mais que um amigo, ele é uma das pessoas (juntamente com a Flávia Barros) que mais me inspiraram e me incentivaram a escrever.
Como Suassuana, é um arcaico assumido: não tem conta no Facebook (no Orkut também não), não gosta de tirar foto, nem de falar ao telefone; escuta música em LPs e bebe feito um camelo.
Na moral, o blog do Damásio não era o mais acessado, não falava sobre modinhas, não tinha poesia. Era prosa.
A blogosfera segue seu fluxo. Um leitor está órfão de um blog, mas um sujeito se conforta em saber que tem um amigo.
Alguém sabe dizer, quanto dura um blog?
Não sei Ni, confabulo muitas respostas nesse momento (gosto de saber dar resoluções, mesmo que sejam só possibilidades), enfim... É triste saber que este blog não seja mais encontrado, mas alegra-me o fato de que amigos zelam.
ResponderExcluirSei lá, só queria dizer que quem teve contato, acaba sentindo de algum modo... Sinto!
Acho que dura o tempo da nossa emoção...tinha blogs que eu visitava toda semana que hoje nem me lembro mais...não me chamem de frívola...apenas minha emoção mudou e o blog era sempre o mesmo. Não ouso falar da efemeridade das coisas por aqui. Não me rendi a ela, mas sigo no ritmo do coração.
ResponderExcluirPois é, meu caro.
ResponderExcluirFico profundamente emocionado com tuas palavras. Não pela puxação da sardinha para o meu lado, mas pela consideração que tens para comigo, considerando-me como um dos melhores amigos e inspiradores. Sabes que a amizade é a mais suprema das relações. Penso que até as relações familiares são superadas pelos laços da amizade, sem dúvida mais importante. A relação entre familiares só é superada nesta comparação quando consegue somar as duas coisas: parentesco e amizade. Bom, mas isto não é novidade nenhuma. Já falamos algumas vezes sobre isso.
Sobre o fim do blog já tinha comentado contigo sobre minha vontade de abandoná-lo. Sou assim mesmo: chato!
O mesmo me ocorreu quando, há 7 anos atrás abandonei minha carreira de músico, iniciada em fins dos anos 80. Simplesmente cansei.
Escrever!?! Continuarei. Em outro veículo, e não sei até quando. Se parar, bah! O mundo não perde nada. Seja na música ou na escrita nunca fui um artista, sempre um operário. E não é fazendo tipo. Não dou uma de coitadinho. Sabes que não sou disso. Reconheço minhas qualidades, mas estou consciente de meu papel.
Você, sim, deve continuar e não te influencies por meu mau humor e decisões tempestuosas. Seus leitores têm muito a perder. Os meus não.
Abraço,
do amigo
Damásio.