O trabalho quixotesco de Eduardo Lacerda à frente da editora Patuá tem resultado prêmios, arengas, chás de beber, tretas e muita literatura. Muita.
Mas no meio editorial pouca gente sabe que, além de publicar e valorizar inúmeros talentos, Edu escreve. E sua pena é rica em intertextualidade, assonâncias e uma certa ginga manca de Adoniran.
Versos quebrados fazem pensar em outras alternativas para os poemas. Como se houvesse outro jeito de ser. Uma festa sobre LPs de Alceu Valença e Nando Reis.
Descompassos e dribles que remetem ao panteão dos orixás, citações bíblicas e livrescas (no melhor sentido), palavrões e uma melancolia ancestral - já anunciada na capa.
Edição e projeto gráfico de admirar. Fique aqui com um trecho e procure saber:
"Perco amigos
como
quem perde
dentes.
Como
quem
mastiga,
perco amigos
(E também os guardo.
deitados sob o sono do travesseiro,
à espera
de impossíveis
fadas)
Como quem guarda dentes que perde.
Como quem dói a noite inteira.
Como quem
os devora.
(...)"
Enquanto reli o livro e escrevi esta mini resenha tomei café e depois uma cerveja e escutei os CDs:
EP solto, de James Bantu
Vai na fé, de João Sobral
Dozicabraba, Emicida, Beatnick e K'Salaam
Alquimia sonora, de Viegas
Obs. Este é o Bote Fé, projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.
Toda segunda-feira tem novidade na página: https://www.facebook.com/nibrisant/
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