Ao invés do Aurélio, procure um sarau. E tu vai achar sentido de verdade
quando encarar os arquitetos de sonhos –
novinhos em folhas – em ação. Gente, que para provar a máxima de Leminski, inventou seu próprio
estado de ser, uma segunda adolescência
chamada movimento. Porque aos
17 anos todo mundo é poeta.
E pra sarau, não precisa
convite nem senha. Toda palavra é mágica, mas o silêncio é uma prece.
![]() |
(Fotografia: Renata Armelin) |
Sarau é o
trajeto que a palavra faz entre os lábios e o coração – diriam os românticos.
Mas o contrário também pode ser.
Nada de novo no front: são palavras,
são navalhas e eu sou apenas um rapaz latino americano, apoiado por mais de 50
mil manos. Sem aspas,
entre amigos, poesia é dito popular. Pessoa é nóiz.
Lembra quando
me disse que nem tudo cabe nos livros? Pois bem, no sarau cabe. Planos e
viagens, paixões e pilantragens. Até poema de 10 segundos cabe. De vez em
quando, suspeito que mesmo sua mania de solidão caberia lá.
Amiga, tu vai
se encontrar vendo o Laudecir declamando. Ele é malandro, professor e poeta. Nunca
escreveu uma rima, mas é, sobretudo, poeta. E ao contrário, também poderia ser.
Tem sarau pra
todo mundo; sem se repetir. Alguns viraram grifes, mas a maior parte continua
firme, com seus amores, protestos, revides e passos largos. Depois deles, nunca
mais falei sozinho, sabia?
Sobrenome Liberdade. Um ritual com mais entidades que o
panteão. Tivesse cobrança, seria igreja. Fosse mais longe, seria aqui em casa.
E para garantir que é feito por palavras e pessoas livres, Grajaú.
Sara, vá.
Aliás, vamos!
Porque sarau é lugar de chegar junto.
*Texto publicado na Revista Rebosteio nº 5 e MISC. Vale ir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário