domingo, 24 de março de 2013

Para Brisant*

Entretenimento e reflexão. Essas duas palavras frequentemente permeam os textos críticos sobre as artes. Como aliar reflexão e entretenimento? Existe essa possibilidade? É difícil, mas a verdade é que existe. No cinema, só para citar o que primeiro me vem à cabeça, Fellini e Chaplin o fizeram com maestria.
Comentava outro dia – reluto em usar a primeira pessoa, mas esse texto exige – com o próprio autor sobre essa qualidade que “Para Brisa” possui. Podemos degustá-lo numa simples viagem de ônibus ou na sala de espera do dentista e ainda nos debruçarmos numa análise da sua riqueza como produto literário. A seção “Para-choque”, por exemplo, diverte justamente pelos jogos de palavras utilizados, na simplicidade revela-se o conhecimento da língua – árduo trabalho do poeta.
Na carta-crônica “Amizade”, Ni explora outra grande questão abordada pela crítica: ao tratar do tema local, utilizando a repartição onde trabalha, toca numa questão universal, a necessidade de se enxergar a humanidade pelo olhar humanista, algo que deveria ser óbvio; mas não é.

Deixando um pouco a literatura de lado e já que quebrei o protocolo e utilizei a primeira pessoa, vou falar um pouco do autor. Conheci esse cara nos bancos de uma Universidade. Éramos da turma do fundão e, nossa identificação foi imediata. Lembro-me de nossos intervalos regados à cerveja que rendiam, na volta, grandes discussões sócio-literárias. Desde então, nossa amizade se estreitou cada vez mais, “o cara freqüenta minha casa” e posso provar que tudo que há na sua escrita faz realmente parte de sua vida – o que necessariamente não precisa acontecer. Sim. O Ni é assim, pensamento, coração, sentimento. Inquieto, prolífico e suas relações são intensas.

Para voltar à obra e para terminar, a literatura de Ni Brisant chega à fase adulta mostrando que tem o que já se cobrava na busca de uma literatura nacional, nas palavras de Machado, “o sublime é simples.” 

* Texto do parceiro Damásio Marques, escrito e 'publicado' na ocasião de lançamento de Para Brisa no Sarau Sobrenome Liberdade.

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