quinta-feira, 27 de março de 2014

Escola nunca mais

Bahia, 22 de janeiro 2014
Flora, coragem!
Ontem fecharam a escola do Barreiro. Foi lá que aprendi tabuada, decorei os afluentes do rio Amazonas e comecei a desenhar, escrever e enxergar a vida através das letras. Naquele tempo, eu soletrava EDUCAÇÃO e achava que estudar rimava com futuro, dor, progresso, civilização; enfim, estudar rimava com tudo, menos com alegria. Contradição maior é pensar que meu mundo cresceu dentro daqueles muros amarelos gigantes. Filha, hoje o Barreiro não tem mais escola; só paredes.
Dizem que não compensa manter a escola aberta, que há poucos estudantes e muitas séries para uma única sala (e professora). Dizem que vale mais transportar meu primo Felipe e seus 16 amigos, que estudam no Barreiro, para uma escola moderna, na cidade. Mesmo com estradas esburacadas, a secretária de educação decidiu transferir as crianças (de 6 a 10 anos) para a cidade, acabando com o único equipamento público que a comunidade possuía. O que ninguém diz, é que isso não se faz!
O mundo está em obras para deixar tudo igual. Milhares de escolas estão sendo fechadas no interior do nosso país, mas ninguém fala; isso não é notícia de jornal. Isso é caso de luta!
Conversei com os pais desses estudantes (meus amigos de infância e/ou de enxada) e, embora não acreditem muito na vitória, eles não aguardarão soldados, sem reagir. É inédito para eles ir às ruas e estradas para cobrar seus direitos e fazer-se ouvir. Mas aqui ninguém vacila ao defender nossa escola.
Enquanto tentam empurrar nossa gente para a cidade, é bom saber que ainda há quem resista. Afinal, se temos o direito de ir e vir, por que não podemos ficar?
Filha, retorno à São Paulo acreditando na construção de uma nova escola, algo que rime com alegria e luta – ao mesmo tempo. E certamente, não estou só. Vamos juntos!
- com todo coração, do seu pai.
(Texto também publicado no site Sinceros e Abusados

domingo, 9 de março de 2014

inauguração dos fins

queria ser o raio
que cai duas vezes da mesma nuvem.

ser o assassino
que retorna a cena no filme.

o erro
quando repetido duas ou mais vezes
- coisa de berro.

queria ser o garoto
que nunca passou de ano
- foi direto pro cemitério.

ser um clone
uma rima
o 14 bis
o retorno de saturno
a tecla repeat.

uma onomatopeia
igual àquela que toca nas FMs
dia após dia.

não queria ser nós
nem eu e você.

só queria a vista
da primeira vez
que fomos adeus
para sempre.
(nova máscara dos bic block: euteregos 
Foto: Bloco do Burro Por Renata De Oliveira Armelin - arte/invenção de Zazá Asf)

sábado, 8 de março de 2014

Agenda Março/14

 11/3 (terça/19h)  - Sarau Suburbano Convicto com lançamento do livro Tratado sobre o coração das coisas ditas (Rua 13 de Maio, 70 - 2º andar - Bixiga)  - Entrada livre
 12/3 (quarta/20h45) - Sarau da Cooperifa com lançamento da antologia "Uma vez poetas Ambulantes" (Rua Bartolomeu dos Santos, 797 - Jardim Guarujá)  - Entrada livre
 15/3 (sábado/19h) - SP Autoral com Intervenção poética (Av. João de Lucca, 41 (cruzamento da Av. Washington Luís c/ Vicente Rao) - Entrada 5 dinheiros. 
 16/3 (domingo/14h) Sesc Ipiranga - Intervenção com os Poetas Ambulantes (Rua Bom Pastor, 822) - Entrada livre.
♣ 17/3(segunda/19h) Parada Poética  (Rua Rio Branco, 310 - Nova Odessa-SP) - Entrada livre.
♣ 21/3 (sexta/19h) Sarau Literatura Nossa com lançamento do livro Tratado sobre o coração das coisas ditas(Av. Maj. Pinheiro Froes, 530 - Suzano-SP) - Entrada livre.
♣ 28/3 (sexta/18h) Sarau da Praga (Memorial da América Latina - Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda) - Entrada livre.
♣ 29/3 (sábado/14h) Sarau dos Mesquiteiros com lançamento do livro Para Brisa (Rua Sampei Satto, 440) - Entrada livre.
Vamos juntos!