segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Para brisa

Depois de oito anos vivendo em SP, este foi o único ano que não entrei em uma sala de aula para estudar. Ainda assim, as pessoas, os abraços, as palavras e os saraus, que estiveram comigo nesse período, me apontaram ensinamentos que eu jamais poderei esquecer, lições para a vida inteira.
Houve momentos de desespero sim, muitas coisas deram errado no trabalho, projetos não puderam ser realizados, faltou grana, enfim, 2012 não foi fácil. A vida se impôs; mas dos fracassos, ficaram cicatrizes e o exercício de levantar-me.
Não vou retroceder, nem ficar medindo o tamanho dos sucessos e tombos desse ano. Venho aqui, nessas últimas horas de 2012, anunciar o lançamento do meu próximo livro: Para brisa e desejar que amanhã seja um dia melhor. Mas que também sejamos pessoas melhores nesse novo ano que chega. Que nossa arte siga na mesma direção e, ainda que distantes, estejamos unidos.
Que a vida seja justa com a nossa caminhada e não nos permita vacilar nem desistir, pois somos jovens, e apenas começamos.
Com todo coração,
Coragem!
(Tenda Literária - 01/09/2012)

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

A caminho


Eu queria janela, mas só tinha corredor. Tudo bem. Mais importante era viajar. A passagem custou-me 186,48 dinheiros, que consegui ao vender a roça de mandioca e minha bicicleta. Com a venda da farinha, mais a bezerra e uns rolos, juntei 150 dinheiros e me piquei pra São Paulo. Eu tava decidido a fazer Letras, custasse o que custasse; fosse lá o que Letras significasse.
Eu não tinha datas pra comemorar até o dia em que sentei na poltrona nº 32 da viação Gontijo. Do lado de fora do buzão, minha barreira (nome dado à galera, gangue, turma) gritava pequenas obscenidades, me dava tchau, me tirava o ar enquanto me dava forças. Naquele instante não suspeitei que lamentaria pelo resto da vida por tal erro: não ter dado um abraço em meus amigos. Um abraço. Baiano sabe chegar, não sabe se despedir, penso eu.
Aquilo era 17 de dezembro de 2004. Eis aqui o canhoto da passagem, que não me deixa mentir. É claro que a minha história não começou naquela tarde, na rodoviária de Acajutiba, com aquele povo reunido, tudo pronto pra dizer "Deus lhe abençoe!", "dê lembranças a Zé Carlos", "cuidado com as primas", "tem dez conto aí pra me emprestar?"... 
É certo que eu não nasci ali. Mas a partir daquele dia, comecei a sentir falta das coisas mais bestas, como pilotar carroça, brincar com sobrinhos, pegar um baba: casados contra solteiros, beber e pedalar, pedalar. Detalhe: depois dali, ninguém nunca mais me chamou por Nicolau, Nivaldinho, seu poeta, o fio da dona Maria... Por Ni ainda chamam, mas Ni é diferente, né? 
Depois de um dia e duas noites de viagem, desembarquei no Tietê com o coração todo nervoso. Lembro bem, gastei 30 dinheiros só com lanches no caminho. Eu tava traumatizado: "como pode um pão com carne custar 7 dinheiros?" No Barreiro, o cara tinha que trabalhar 9 horas embaixo dum sol lascado pra ganhar 10 contos... "Como pode?"
Minha roupa caberia numas duas sacolas dessas de mercado, mas como é de conhecimento de todo vivente, retirante é mula: transporta tapioca, farinha, doce de leite, jaca, bala, carne de bode e tudo mais que seja removível e não supere a cota de 30 quilos estabelecida pelas empresas de ônibus. Em outras palavras, cheguei carregado de beregats (nome dado às tranqueiras, muambas). Tudo bem. Mais importante era viajar.
Era 7 da manhã e eu já tava andando pelas ruas de São Paulo. Vi duas meninas de cabelos coloridos num ponto de ônibus em Moema. "São punks", alguém disse. "Quer dizer que isso é que é ser punk?", pensei. "Decente!", concluí.
No trajeto Terminal Tietê-Cocaia, vi um prédio feito todo de vidro (como pode?), uns caras com as calças lá em baixo e um monte de coisa doida. Eu tava todo bestão.
Era domingo, comi biscoito com coca-cola no almoço. Na MTV passava o clip "Hey Ya", do Outkast, na Globo passava anúncio do "Meu tio matou um cara" e, no meu coração, tudo ficava; Passei os meses seguintes com três pensamentos no lugar das ideias: como fazer pra fazer Letras; como será que tá minha barreira; como é que pode...
Enquanto o tempo fazia o papel dele, fiz o que sei. Estudei e concluí o curso de Letras em dezembro de 2008; Vi minha filha nascer em março de 2011; Escrevi e em novembro de 2011 lancei meu primeiro livro. Sim, hoje eu tenho datas para comemorar. 
Essa semana completou 8 anos que cheguei aqui em São Paulo. Nem tudo foi flores. Existe ainda saudades, fracassos, perdas, separações, apertos e perigos a superar. Mas existe também vontade, amor e coragem. Existe minha barreira. 
Tou a caminho. Não cheguei lá, nem descobri onde fica esse lugar (lá). Sei que mais importante é viajar. 
Uma vez perdida, toda força será encontrada.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Tão bom quanto estar lá, é ser lembrado

Meu gol de placa não é ver seu livro na lista dos mais vendidos. Ser lido. Eis minha apoteose. Toda vez que ouço uma opinião sobre algo que escrevo ou uma poesia que recito, me sinto meio Pelé, honrado e feliz. Dá uma alegria danada saber que existem pesssoas utilizando meus textos em sala de aula, citando minhas ideias nos saraus, em teses, artigos e músicas.

(Sarau Pensamento Negro - Embu Guaçu)
Ontem li um artigo em espanhol no qual a autora Fernanda Matos fala com propriedade sobre Literatura Marginal, contextualiza os saraus realizados nas periferias paulistanas e cita o Tratado sobre o coração das coisas ditas. Sensacional. Segue trecho abaixo:
"en una mezcla de géneros cortos como la crónicas y la poesía, trata de temas que van más allá de retratar espacios marginales y problematizan cuestiones inherentes al ser humano como las planificaciones para el futuro, el lidiar constante con la insatisfacción por la vida, consigo mismo, con los problemas sociales, abarcando hechos que marcan profundamente el hombre como el nacimiento de un hijo o la ruptura de una relación amorosa. En un texto suyo el autor opina sobre la crítica literaria y levanta cuestiones interesantes sobre los procesos que legitiman o no una obra, es decir, de qué campo cultural e ideológico apropiándose términos bourdieanos, se clasifica, se da valor y si realmente el que critica sabe criticar o mejor como en la analogía que hace si aquel que degusta sabe cocinar..."
Estudante da Universidade do Chile, Matos faz referência a alguns dos nossos autores e discorre coerentemente sobre a cena literária marginal. Para ler o artigo inteiro, clique em La élite tiembla – literatura marginal como instrumento de transformación social.
Hoje também tive meu trabalho citado na matéria "Gente de Talento", da jornalista mineira Ana Márcia  de Lima. Meu coração ainda está rindo com esse reconhecimento e carinho. Leia: Diálogo Invisível.
Coragem!

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

2ª impressão esgotada

A segunda impressão do Tratado acabou. Não foi nada fácil, mas seria praticamente impossível chegar até aqui se não tivesse contado com a ajuda e fé de tantos amigos.
Ao todo, foram 500 exemplares distribuídos mão-a-mão nos saraus e festivais de música.
Como toda obra independente que se preze, aqui não teve jabá. A única propaganda utilizada foi o boca-a-boca, o depoimento sincero dos amigos que leram o Tratado e foram indicando, passando a ideia adiante.
Essa caminhada foi um aprendizado muito importante pra mim; Com certeza saio mais forte e maduro dela. Meu coração está cheio de alegria e ânimo para enfrentar novos desafios; sinto que esse livro cumpriu sua parte, foi lido, criticado, elogiado e comentado por pessoas de valor.
Agradeço a todos os espaços-terreiros que abriram suas portas com tanto carinho e respeito para que eu pudesse apresentar o meu filho. 
Um salve aos parceiros do sarau Suburbano Convicto, Cooperifa, Litera Rua, Ecla Toca do Saci, Biblioteca Adelpha Figueiredo, Encontro de Utopias, Casa Fora do Eixo e Encontro Rap. 
Tenho consciência de que esse livro não pertence (acho que nunca pertenceu) só a mim. Desde o começo fiz questão de envolver pessoas, estive aberto para ver e incluir outras linguagens que pudessem dialogar e enriquecer meus textos. Acho que isso trouxe mais significado e vida à obra.
Amigos-leitores, muito obrigado, de todo coração. Espero que tenham gostado desse meu primeiro livro; Fiquem a vontade para comentar, sugerir e criticar. Afinal, só quem leu o Tratado tem moral para fazer isso. 
Coragem!

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Sarau Suburbano Convicto

Difícil falar dos últimos acontecimentos sem recorrer às hipérboles, superlativos ou outros artifícios de exagero. Estes são dias de sentidos e sentimentos à flor da pele. Ainda bem que sou poeta, não jornalista. Antes dos fatos, meu compromisso é com o não-visto, com as outras versões não identificadas.
 
A algum tempo minhas terças e quartas-feiras são sagradas. Nestes  dias vou aos saraus Suburbano Convicto e Cooperifa, respectivamente, aprender novos mitos, viver outros sonhos e descobrir novos heróis.
Ainda que irmãos, cada sarau possui sua própria mística, energia e identidade. Os saraus não se repetem.
Na última terça celebramos o 40º aniversário do Alessandro Buzo, o criador do Suburbano Convicto. A festa foi um sarau. E vice-versa.
Como se não bastasse, houve lançamento do livro "Deus foi almoçar", do Ferréz, samba do "Comunidade da Santa" e os poetas, em pleno Bixiga, soltando rajadas de palavras certeiras.
Voltei pra casa em estado de graça. Fui dormir rindo, feliz por contar com amigos verdadeiros ao meu lado. Acordei com a convicção de que estou vivendo os melhores dias de minha vida.

Ao Buzo, vida longa! Muito obrigado pelo carinho e atenção. Além do artista, admiro o homem que você é. Através da sua caminhada, você tem feito muita gente voltar a acreditar na possibilidade de um mundo mais bonito, justo e melhor. Parabéns!
Próxima terça-feira tem mais sarau Suburbano Convicto. E eu estarei lá!

Conheço meu lugar - Belchior

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Amizade*

São Paulo, 17 de dezembro de 2010
Flora, coragem!
Ontem o Romário foi demitido da empresa. Aqui, ele era meu único amigo. Antes dele chegar, era eu o “Bahia”, mas depois ficou sendo ele.
Gostava de conversar com o Romário porque a gente se entendia bem; bastava um olhar pro outro e dizer: eta pleura; da gota; vixi, cabrunco. Era decente!
Sabe, quase todo dia ele me mostrava aquele retrato no Ibirapuera com a mulher e suas duas filhinhas na garupa daquela bicicleta azul. Os olhos do Romário – assim como o de todas as pessoas - tinham estrelas, mas toda vez que falava da família e dos planos de voltar pra casa, os olhos dele se enchiam de constelações. E eu achava bonito escutar seus sonhos, podia medir o universo em suas palavras.
Pelo menos pude abraçá-lo antes que ele fosse embora. Sentirei falta, e é ruim pensar que não nos veremos mais... Sei lá. Pior deve ser não ter de quem sentir saudade, não ter de quem lembrar, não sentir.
Filha, queria ter dito que sentia mor orgulho de tê-lo como amigo e que era pra ele não ficar triste, nem desanimar, porque merecia coisa melhor que isso aqui. Enfim... mas talvez ele nem acreditasse. Achasse que eu só tivesse querendo fazer média ou tentando consolá-lo... essas coisas. Mas é verdade, eu admiro cada um dos meus amigos; todo retirante é meu conterrâneo.
Acho que ainda essa semana vão colocar outra pessoa para fazer o mesmo trabalho que ele fazia aqui. Afinal, tem sempre um “Bahia” procurando emprego. Ontem voltei pra casa pensando como vai ser o Natal do Romário. Pensando se vai ter “Papai Noel” pra trazer presente pras filhinhas dele. Porque é só chegar novembro e já tem Papai Noel na cidade toda. Até no ônibus tem. Não é certo que falte logo na casa do Romário, logo agora. Não quero te desanimar, mas Papai Noel não é um cara legal.
Filha, você deve estar se perguntando porque estou lhe falando essas coisas. Pois bem. Ninguém jamais escreveu sobre o Romário, sobre um pião, um desempregado. E escrevo isso porque talvez ninguém diga que o meu amigo vai fazer falta, que ele não pode ser substituído só porque existe outra pessoa que sabe apertar os mesmos botões, que sabe repetir os mesmos gestos de máquina.
Lhe contei essa história porque você precisa saber que eram “Bahias” os homens e mulheres assassinados na Candelária, Nagasaki, Hiroshima, Jerusalém e, dia desses, aqui perto de casa. Também foram os “Bahias” que inventaram a ginga, o groove, as greves, as guitarras. Não criamos a guerra. Nós somos o revide!
Woodstock, a Tropicália, o Pasquim, o Manguebeat: tudo movimento de “Bahias”. Garrincha, Elis, Chaplin, Dercy Gonçalves, João do Pulo, Bruce Lee, Jesse Owens, Lima Barreto... nenhum deles era baiano; eram todos “Bahias”.
Os livros de história não falam da gente; ninguém quer registrar nos filmes nem nas fotografias a grandeza do meu amigo. Mas ele existe. E é por isso que tou lhe escrevendo agora. Para que saiba que é bom conhecer e ter orgulho das pessoas, não porque elas são bem sucedidas, mais inteligentes ou chamam a atenção das outras. É bom gostar dos amigos exatamente pelo que eles são: humanos, amigos.
Flora, defenda com honestidade os seus sonhos. Que nunca falte sol em seu coração e amor para fazer acender constelações em seus olhos. Porque tanto faz ser um Bahia ou o filho do rei, sem luz nem amor, a gente é nada.
Com todo coração,
do seu pai, Ni.

[Da coleção Cartas a Flora, Ni Brisant]

domingo, 23 de setembro de 2012

'Um Poema em Cada Árvore' - minha poesia esteve lá

Mesmo sem chegar onde ia, minha missão vai ainda mais longe. Eis a tônica desses dias. 
(Um Poema em Cada Árvore, Uberaba-MG)
Na última sexta-feira (21/09) o poema Sobrenome Liberdade foi selecionado para participar do projeto Um poema em cada árvore, em Uberaba/MG.  
Em comemoração ao dia da árvore, o projeto consiste em pendurar poemas de autores desconhecidos em árvores de praças públicas para apreciação e acesso gratuito à leitura e arte. 
Além de aumentar o índice de leitores, abre espaço para a divulgação da produção literária de escritores desconhecidos do grande público e valoriza a poesia de um grande público.
(Uma árvore e um poema, são dois poemas")
Essa iniciativa aconteceu simultaneamente em cerca de 80 cidades, onde todas as poesias foram devidamente embaladas e amarradas às árvores com barbante de algodão.

Fonte: G1

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

De olho no Futuro

Dia desses fui convidado a dar uma palestra sobre o ofício de escrever, falar do meu livro, dos desafios da carreira, remuneração (como?), enfim, essas coisas da profissão. Essa palestra aconteceu no último dia 31 na matriz do ESPRO (Ensino Social Profissionalizante) e fazia parte do De olho no futuro, programa destinado a jovens aprendizes.
Foi interessante compartilhar um pouco da minha experiência, dividir conhecimento e falar dos desafios e alegrias dessa profissão problema.
É concebível que alguém pinte telas admiravelmente, ainda que nunca tenha ido a um museu. O mesmo em relação a um ator, músico, dançarino... Mas quanto a um escritor? A escrita é dom, esforço ou estudo? Alguém que nunca leu um livro é capaz de produzir uma obra literária de respeito?
Foi a partir dessas provocações que iniciei a conversa. Bacana ver o interesse, contar com a interação para discutir alguns clichês literários e constatar que a maioria deles lêem regularmente.
Assim como a maior parte dos escritores contemporâneos (periféricos ou não), estou muito distante de viver da escrita, enfrento vários obstáculos para publicar meus textos e não me enquadro no rótulo de CDF. Eis um paradigma quebrado.
É bom ler os best sellers, mas também é legal conhecer os autores divergentes, anônimos, marginais; aqueles que não aparecem na lista dos mais vendidos, mas escrevem tão bem quanto... Fiz questão de deixar isso claro. Mostrar que a escrita é, de certo modo, um ato de subversão da ordem.
Cada pessoa tem uma maneira própria de expressar suas ideias, sonhos e sentimentos. Daí a importância de ler tudo e todos. Daí a vantagem de não nos prendermos a apenas um estilo literário, a apenas uma versão dos fatos, um tipo de filme e tal.
Gostei muito de participar dessa iniciativa, de dar meu testemunho e falar sobre a necessidade de defendermos nossos sonhos, nossas utopias.
Acredito que ler liberta, escrever também; a beleza também está nos olhos de quem vê. Por isso sugeri que escrevêssemos um poema coletivo. Saquei meu relógio de bolso e perguntei o que eles viam ali, quis saber os possíveis significados daquele objeto. Eles me deram segredos, oportunidades, vida, liberdade, futuro e tantas outras palavras lindas... Que ironia! Por falta de tempo não consegui passar o texto a limpo durante a palestra. Mas valeu!
Dias depois recebi um e-mail da aluna Aline Oliveira de Souza contendo um poema com aquelas palavras chaves... Aquele e-mail salvou o meu dia. Meu ânimo e fé estão renovados.
Boa leitura.
 
TEMPO*
(por Aline Oliveira de Souza)
Fechar os olhos;
abrir os olhos.
Vejo a liberdade diante de mim,
a oportunidade me chama.
A vida é um instante que não podemos controlar.
Hoje escolho o futuro.
Abre-se como uma vontade de vencer,
a união que nos acorrenta nos liberta;
e nos permite dar mais um passo.
Não vejo o tempo.
lembranças o cercam de segredos.
Nem sempre enxergo no momento que ocorrem,
mas marcam e levamos nos detalhes de quem nos tornamos.
Tempo,
parece pequeno se vermos apenas a palavra,
pra mim infinito e eterno.
Tempo,
como o relógio pequeno que carrego no bolso
como se o controlasse,
mas que apenas aprendo a acompanhar!

domingo, 16 de setembro de 2012

A primavera prevalece

Seja no asfalto, no lixão ou na merda, as flores não pararam de nascer. Passem longe, fascistas incendiários de favelas!
Uma flor nasceu. Seu Sobrenome é Liberdade. A primavera prevalece.
 
Tenho ido a saraus, conversado com pessoas, tomado parte em novas lutas, sorrido boas alegrias. Não tem sobrado tempo para registrar aqui tudo que tem acontecido, tudo que tem se passado em meu coração. Mas entre a agitação dos eventos culturais e fadiga do trabalho, no último dia 13 celebramos o 1º Festival Sobrenome Liberdade. O Evento fez jus ao nome, foi um genuíno festival poético. Foi lindo!
Conforme prometido, a noite teve muita poesia, música e arte. Contando com a apresentação de 26 poetas (alguns vindos de outras cidades), exposição fotográfia de Toni Miotto e pocket show da Couro Cabeludo Rock, o festival me deixou em estado de alumbramento. Com o apoio dos poetas, dia 04 de outubro ocorrerá uma nova edição. Aliás, agora o Sobrenome ocorrerá toda quinta-feira do mês no Relicário Rock Bar. E você já está convidado. Prepare a sua arte!
Confira a matéria sobre o Festival publicada no Periferia em Movimento clicando em: Nasce um Sarau na Periferia de São Paulo.
O que aconteceu no Festival não pode ser descrito num relatório, não cabe em notícias de jornal; nem no meu coração cabe... Não há fatos a serem contados. Só poesia e arte. Aliás, toda poesia e arte.
Agradeço a cada um que compareceu ao Festival e ajudou a fortalecer mais esse reduto de resistência.
Uma flor nasceu. Seu Sobrenome é Liberdade. A primavera prevalece.
Veja as fotos do Festival feitas por Toni Miotto em: Imagens das poesias.
Coragem!
Algumas fotos abaixo.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

Sarau na Adelpha

Cada passo tem significado uma conquista. Por isso mesmo, ninguém irá retroceder!
A vida tem sido justa com minha caminhada e tenho contado com o apoio e dedicação de grandes homens e mulheres, novos e velhos amigos.
Depois de percorrer todas as regiões de São Paulo, indo a saraus, palestras e lançando o Tratado em diversos espaços, dos mais significativos aos inusitados, a 2ª tiragem do meu livro está chegando ao final.
Quem se interessar, pode adquirir um dos últimos exemplares do Tratado através do site Imaginado Efeito ou diretamente comigo. Parafraseando Ruivo Lopes, minha livraria é minha mochila.
Agradeço de todo coração aos amigos que acreditam e têm colaborado com a minha arte. Aos parceiros e irmãos de luta, minha lealdade e devoção.
Foi emocionante compartilhar a tarde do último sábado (25/08) com pessoas tão estimadas no Sarau da Biblioteca Adelpha. 
Fortaleceram a cena: Jamilson Silva, Regina Rocha Rodrigues, Lu'z Ribeiro, Laudecir Silva, Regina Tieko, Toni Miotto, Guilherme Moçambique, Haroldo Oliveira, Gerson Salvador de Oliveira, Ivo Jacintho, Ruivo Lopes, Larissa Bonilha, Vó Neci, as crianças da Ocupa... Enfim, agradeço a todos que fizeram parte desse momento.  
Seguem algumas fotos do evento abaixo. Para ver mais, clique aqui: Encontro de Utopias.




  

 


 





(Fotos: Toni Miotto, Lu'z Ribeiro e Regina Tieko)

 
 
 

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Encontro de Utopias convida

É com muita alegria que convido a todos para o penúltimo evento de lançamento do Tratado.
Sarau na Adelpha

Solte as asas, traga a sua expressão, interfira!
Cultura é protagonismo.
 
Nessa edição convidamos

Voz e violão - Haroldo Oliveira
 
Intervenção poética - Sarauzinho da Ocupa com as crianças da Ocupação da São João
 
Com a presença de Ni Brisant - com o lançamento do livro "Tratado Sobre o Coração das Coisas Ditas"
Evento gratuito.
Sábado, 25de agosto às 15 horas.
Biblioteca Adelpha Figueiredo, Praça Ilo Otani, 146 – Pari – São Paulo (Av. Carlos de Campos com Av. Pedroso da Silveira)




domingo, 19 de agosto de 2012

Festival Sobrenome Liberdade


Este é o nosso revide;
Este é o nosso tempo;
Este é o nosso Festival.
Vamos juntos!


Traga seus amigos, seu amor, sua arte.
Traga o melhor de você.
E vamos celebrar!


Participação dos grandes poetas, escritores e músicos da nossa cena independente. Além de convidado especial surpresa!
Esta é uma iniciativa totalmente independente (sem qualquer ajuda da iniciativa pública ou privada). Somos nós por nós mesmos. Haverá a venda de livros, cds e outros artigos dos artistas que se apresentarão no Festival. Colabore e fortaleça quem faz a verdadeira arte de luta e resistência. Contamos com a sua presença!

A guerra é infinita. A luta acontece todos os dias. Mas dia 13 juntaremos nossas forças e começaremos uma nova história, uma nova revolução. Vamos juntos! Coragem!!
Clique e siga: Sobrenome Liberdade

Quando?
Quinta, 13 de setembro - a partir das 20:00h.


(ENTRADA FRANCA)

Onde?
Relicário Rock Bar
Rua Manoel de Lima, 178 - Próximo ao Terminal Grajaú
(esquina da Rubem Souto com a Manoel de Lima)

terça-feira, 31 de julho de 2012

Juntos, somos mais

Poucas horas de sono, muitos dias de trabalho, anos de perseverança. A vida tem sido um misto de provações, alegrias, cansaços. A vida tem sido digna. E se tenho dormido pouco, é só pra poder sonhar mais, caminhar e ter mais tempo de realizar meus sonhos.
Este é apenas o início. Vamos juntos!
Agora, dois sentimentos prevalecem em meu coração: gratidão e ânimo. Gratidão por ter tão bons amigos (velhos e novíssimos). Gratidão ao Encontro Rap, a todos os saraus: Cooperifa, Litera Rua, Suburbano Convicto, A plenos pulmões e todos os redutos da poesia, uma expressão cada vez mais imprescindível. Ânimo por conseguir enxergar um caminho adiante: promissor, longo, vital. Ânimo por ver meu livro chegando às mãos de pessoas valorosas, gente admirável, que faz jus ao meu respeito.
 Obrigado. Coragem!
Confira algumas fotos do lançamento do Tratado no Sarau Suburbano Convicto e Encontro Rap:











domingo, 29 de julho de 2012

HOJE


Hoje tem lançamento do Tratado no Encontro Rap.
Som, fúria, arte e literatura.
Vamos juntos!
Confira as atrações e o endereço no flyer abaixo:

segunda-feira, 23 de julho de 2012

O Tratado no Sarau do Buzo

Faz alguns meses que conheci e passei a frequentar o Sarau do Buzo - Livraria Suburbano Convicto. Mas esse tempo já foi suficiente para perceber a dedicação e zelo com que os poetas e amantes da arte são recebidos. As diferenças são bem-vindas porque o respeito prevalece.
A limitação de espaço não é problema, pelo contrário, permite maior proximidade, mais calor. Assim támbém dá pra captar mais sentimento, sentir toda a grandeza das palavras. Nem precisa de microfone, é tudo olho no olho, é tudo verdade.
Localizado na região central de São Paulo, o sarau é realizado toda terça-feira, sempre promovendo lançamentos de livros, clipes, cds e muitos outros trabalhos de artistas independentes. E amanhã será o nosso dia, dia de lançamento do Tratado.
Estou muito feliz pela oportunidade de divulgar o meu trabalho nesse reduto de poetas admiráveis. Portanto, quero convidar cada um dos meus amigos para esse evento. Confiram o endereço no flyer abaixo e vamos juntos!
Vamos prestigiar esse sarau e mostrar a força da arte independente!!




domingo, 15 de julho de 2012

O aprendizado nunca acaba

Tantas coisas aprendi de vocês, homens....
Aprendi que o mundo todo quer viver no alto da montanha,
sem saber que a verdadeira felicidade está
na forma de subir a escarpa.
Aprendi que quando um recém-nascido
aperta com seu pequeno polegar pela primeira
vez o dedo de seu pai,
o tem amarrado para sempre.
Aprendi que um homem unicamente tem direito de olhar
outro hombre de cima para baixo,
quando o tiver ajudado a se levantar.
São tantas coisas as que pude aprender de vocês,
mas finalmente de muito não haverão de servir
porque quando me guardem dentro desta maleta,
infelizmente estaria morrendo....
(Trecho de poema de autor anônimo - Atribuído erroneamente a García Márquez)
Todo mundo sabe o quanto evito usar palavras alheias para expressar  os meus pensamentos e anseios em geral. Mas o texto acima resume tão perfeitamente o que penso e sinto agora, que seria orgulho demais não empregá-las aqui.
Tenho ido a saraus, conversado com outros escritores e refletido sobre esse momento da cena artística/intelectual do país. Gosto de pensar que estamos vivendo uma ocasião especial, dias que serão recordados com saudosismo e alegria.
Foi com essa certeza no meu coração que na última sexta-feira (13/07) tive a honra de lançar o Tratado no Sarau LiteraRua. Foi muito intenso comungar a palavra ao lado de pessoas tão valorosas como Binho (Sarau do Binho), Grafite, Lu'z Ribeiro, Fuzzil, os camaradas do grupo Pensamento Negro, Batikis (Rapper De Alma), FabianoPujol (Suspeito-PR) e tantos outros "manos pontas de lança" presentes.
O aprendizado nunca acaba. Tudo que tenho visto e vivido nos últimos anos só me mostra que a cena é nossa, irremediavelmente. E o nosso tempo é agora.
Confira abaixo o video gravado na abertura do sarau:

quinta-feira, 12 de julho de 2012

O Tratado no Sarau LiteraRua

Próxima sexta-feira, dia 13/07, haverá o lançamento do Tratado no sarau LiteraRua.O avento contará com apresentações de "rappers", músicos, grafiteiros, poetas e educadores.
E então, vamos juntos?
Segue o endereço:
Rua Francisco da Cruz Mellão 27, altura do 1001 da Estrada do Campo Limo, Horto do Ypê, no CDC Jardim São Januário

domingo, 8 de julho de 2012

As coisas que perdemos para o fogo

Nosso amor deu lugar a um funeral,
que virou um piquenique no fim da madrugada
embaixo de um pé de lembrança
que se fez duro e saudável
ao dar luz a um jardim na capital de minha mãe,
de onde correu a história
de um sorvete vingativo
que lambia a gente
toda vez que era mordido.

Nosso amor deu lugar a um banco vazio,
que testemunhou uma ressaca sem razão
deixando na carne um  gosto tão acre
que não coube na língua do mundo dizer;
quando os passeios deixaram de ser viagens
e não tivemos mais ritos de passagem para cumprir,
nossa história virou a lenda de um zoológico,
onde os animais estimavam os humanos
e, às vezes, só cobravam 10 centavos por foto.
Nosso amor deu lugar a um tratado sobre o coração,
que virou uma banda de jazz disfarçada de livro,
poema da esperança de 300 e tantos malditos não identificados,
manifesto recitado pelos meus manos e um tal bispo,
que coberto por legítima armadura poética,
atravessou a cidade todo cheio de vida, luz e rosas
para invocar nossos heróis em porões,
quintais, ruas, escolas e saraus:
redutos dos santos cidadãos comuns.

Nosso amor deu lugar a quatro mãos no bolso,
e perdeu a beleza que a distância havia lhe emprestado
ao beijar a boca daqueles perigos feitos para gozar;
sem a proteção do seu cuidado,
[que nunca mais será (só) meu]
nossos desencontros ganharam uma lógica
que só quem saiu por último pôde ver.


Quando resgatamos as coisas que perdemos para o fogo,
depois que o tempo digeriu nossa 1ª morte
e choramos a mesma dor
por sentimentos distintos,
[para espanto geral]
nosso “era uma vez” deu lugar a um “volte sempre”
e o nosso amor virou uma história feliz.