quarta-feira, 19 de setembro de 2012

De olho no Futuro

Dia desses fui convidado a dar uma palestra sobre o ofício de escrever, falar do meu livro, dos desafios da carreira, remuneração (como?), enfim, essas coisas da profissão. Essa palestra aconteceu no último dia 31 na matriz do ESPRO (Ensino Social Profissionalizante) e fazia parte do De olho no futuro, programa destinado a jovens aprendizes.
Foi interessante compartilhar um pouco da minha experiência, dividir conhecimento e falar dos desafios e alegrias dessa profissão problema.
É concebível que alguém pinte telas admiravelmente, ainda que nunca tenha ido a um museu. O mesmo em relação a um ator, músico, dançarino... Mas quanto a um escritor? A escrita é dom, esforço ou estudo? Alguém que nunca leu um livro é capaz de produzir uma obra literária de respeito?
Foi a partir dessas provocações que iniciei a conversa. Bacana ver o interesse, contar com a interação para discutir alguns clichês literários e constatar que a maioria deles lêem regularmente.
Assim como a maior parte dos escritores contemporâneos (periféricos ou não), estou muito distante de viver da escrita, enfrento vários obstáculos para publicar meus textos e não me enquadro no rótulo de CDF. Eis um paradigma quebrado.
É bom ler os best sellers, mas também é legal conhecer os autores divergentes, anônimos, marginais; aqueles que não aparecem na lista dos mais vendidos, mas escrevem tão bem quanto... Fiz questão de deixar isso claro. Mostrar que a escrita é, de certo modo, um ato de subversão da ordem.
Cada pessoa tem uma maneira própria de expressar suas ideias, sonhos e sentimentos. Daí a importância de ler tudo e todos. Daí a vantagem de não nos prendermos a apenas um estilo literário, a apenas uma versão dos fatos, um tipo de filme e tal.
Gostei muito de participar dessa iniciativa, de dar meu testemunho e falar sobre a necessidade de defendermos nossos sonhos, nossas utopias.
Acredito que ler liberta, escrever também; a beleza também está nos olhos de quem vê. Por isso sugeri que escrevêssemos um poema coletivo. Saquei meu relógio de bolso e perguntei o que eles viam ali, quis saber os possíveis significados daquele objeto. Eles me deram segredos, oportunidades, vida, liberdade, futuro e tantas outras palavras lindas... Que ironia! Por falta de tempo não consegui passar o texto a limpo durante a palestra. Mas valeu!
Dias depois recebi um e-mail da aluna Aline Oliveira de Souza contendo um poema com aquelas palavras chaves... Aquele e-mail salvou o meu dia. Meu ânimo e fé estão renovados.
Boa leitura.
 
TEMPO*
(por Aline Oliveira de Souza)
Fechar os olhos;
abrir os olhos.
Vejo a liberdade diante de mim,
a oportunidade me chama.
A vida é um instante que não podemos controlar.
Hoje escolho o futuro.
Abre-se como uma vontade de vencer,
a união que nos acorrenta nos liberta;
e nos permite dar mais um passo.
Não vejo o tempo.
lembranças o cercam de segredos.
Nem sempre enxergo no momento que ocorrem,
mas marcam e levamos nos detalhes de quem nos tornamos.
Tempo,
parece pequeno se vermos apenas a palavra,
pra mim infinito e eterno.
Tempo,
como o relógio pequeno que carrego no bolso
como se o controlasse,
mas que apenas aprendo a acompanhar!

2 comentários:

  1. Esse relato me surpreendeu, pois já sabia que tu era um grande poeta, agora me mostra que também é uma grande educador.

    Força Sempre.

    ResponderExcluir
  2. EU ACREDITO MUITO QUE EXISTEM PESSOAS COM MAIS QUE TALENTO PESSOAS COM VOCAÇÃO DE COMPARTILHAR IDÉIAS E SONHOS E GERAR NOVAS PERSPECTIVAS E MUNDA DIA A DIA A VIDA DOS OUTROS...

    OBRIGADA!

    ResponderExcluir