sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Para Brisa (2013)

(para Flávia Brito)
Prefiro você
a ser triste
pensei
nunca disse
mas escrevo.

Escrevo
e sou agora minha própria escrita
figura e linguagem
figura de linguagem
um velho pugilista
que sobe ao ringue com o pé quebrado
e na metade do primeiro assalto
depois da esquiva
um gancho e dois cruzados
preso às cordas
desacredita
– o único homem a ser desafiado.

Soul
o que sempre quis
dragão e lança
queda e dança
rei e réu
rio e rã
– Rá
retirante de mim.

Soul
método e desobediência
métodos de desobediência
um prisioneiro na solitária
que serra uma grade de aço por ano
e faz dum plano de fuga sua oração diária
coragem!
impulso que precede o passo
o salto
a rebelião.

Sua paz não é calma
sua paz não é ordem
é _ _ _ _ .

Soul
vício e devoção
um morto
que senta pra comer sua marmita simples
e ao abri-la
ao invés do arroz branco e puro de sempre
uma pedra
não sustenta
não dá forças
inspira.

Sem rodeios
rascunho
palavra e silêncio
palavra e _ _ _ _ _ _ _.

Na dúvida, sou um tal eu
sem pêsames nem parágrafos
sou para-quedas parapeitos
paradigmas para-lamas
parabéns paranoias
para-choques para-raios.

Para nada e para o que for preciso
sou para viagem e para brisa.

Entre o vazio de lábios e olhares perdidos
sinto que hoje ainda vale a ida
mas se nossa história não couber nos livros
acabo aqui esse poema e vou pra lida.


segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Cruzando o Atlântico

 A revista portuguesa InComunidade publicou uma série de textos meus na sua edição 38. Só tem bambas. Clique aqui e leia.
(Gabriel Woelke)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Ultrapassagens

Estava apagando e-mails e botando o computador em ordem quando encontrei alguns textos perdidos. Vou postar alguns deles na íntegra aqui. Este é de janeiro de 2012:
Hoje é praticamente impossível falar de arte independente sem mencionar o papel da internet, seja como ferramenta de produção ou divulgação.
Todo escritor quer ser lido, assim como todo músico quer que suas canções toquem no radio, quem faz cinema sonha em... Enfim, você já entendeu. De nada vale escrever os versos mais lindos do mundo e, por timidez, acomodação ou punhetagem mesmo, escondê-los no fundo da gaveta.
O narcisismo das redes sociais, a ligação entre artista e espectador é regida por velhas leis de mercado, como a da oferta e procura, da indústria da propaganda. Até aí nenhuma novidade.
O meio é tudo. Há léguas obscuras entre produzir e expor uma obra, conquistar um público e fazer sucesso. Sem cair na cilada da meritocracia, entre o “poder” e o “fazer” existe bem mais que as cinco máximas do jornalismo: o que, onde, como, quando, por que.
Estou cansado de ouvir pessoas que só sabem conjugar verbos no pretérito imperfeito: “se eu quisesse, poderia ter sido um jogador de futebol milionário”, “se eu quisesse, poderia ter ficado com aquela famosa”, e por aí vai. Não falta gente que se esconde nas promessas do “tem tudo para dar certo” e gasta o resto da vida se gabando do quase, que só não chegou lá porque não quis. Entre o “ter a faca e o queijo na mão” existe o movimento, o corte.
Indo contra a minha natureza de instintos retraídos, ultimamente tenho procurado grupos e seguido certas multidões. Tenho motivos de sobra para sempre ter desconfiado dos bandos e dos sujeitos que vivem (literalmente) de colecionar corações e arrebatar massas. Não é o ato de manipular e comover as pessoas em torno de um ideal - seja lá qual for - que me incomoda; me aflige os interesses, muitas vezes criminosos, que se escondem por trás de pastores vorazes em caçar ovelhas através de ideologias messiânicas demodês. Que fique explícito, não estou me referindo à questão religiosa, apenas.
Quando falo de coletividade sempre lembro de "Antes do Amanhecer", filme no qual ouvi uma das falas mais esclarecedoras sobre a relação homem/Deus, mas que também pode ser usada para entender o amor, a amizade, as Artes e tantas outras relações humanas. Foi algo como: "Deus não está em mim, nem em você; Ele só pode estar aqui, exatamente nesse espaço que existe entre a gente". Taí.
Claro que “o outro” não deve se tornar o único passaporte para a felicidade. Todos precisamos de um certo isolamento, de momentos de introspecção e isolamento (alguns em doses maiores que outros). Autonomia, independência e senso-crítico são virtudes.
Por melhor que alguém seja, a sua grandiosidade só poderá ser reconhecida e valorizada se houver um “outro” para apreciar ou mesmo competir. Além dos relacionamentos afetivos, esse processo também pode ser aplicado facilmente às Artes, ao ambiente corporativo e a todos os relacionamentos humanos. Ou não?
(Márcio Salata)


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

domingo, 16 de agosto de 2015

Domingo

Hoje foi lançado o vídeo-poema Domingo. Orgulho de ter produzido algo tão íntimo e peculiar. Clique aqui e assista e passe adiante e comente e. Ou se quiser ouvir, Aqui.


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

ERA UMA VEZ HORIZONTE

Comunico minha saída do Sobrenome Liberdade. O motivo é estritamente ideológico. O sarau seguirá com os demais integrantes. 
Foram mais de 3 anos de entrega, aprendizados e trocas. Lembro como fosse já. A independência sempre foi prática - em tudo! 
Uma Antologia, 50 edições, um fanzine, exposições, viagens pockets shows... Incontáveis histórias.
Não sei mesmo medir o quão longe esse sonho chegou. Deixo uma parte grande do meu coração neste ponto. (e não há mesmo o que dizer; esse peso nos olhos já basta)
Sou grato a cada um dos amigos que acreditou e fez essa utopia ir além.
A gente se vê pelas esquinas, ocupações, outros saraus e onde mais for imprescindível. O sonho apenas começou!
#Coragem


terça-feira, 7 de julho de 2015

Para outra parede

Mendigos, degustadores de sorvete, alpinistas, nadadores em geral...
sei que todo mundo sofre nesse frio.
Mas 
olhe aqui
não existe cobertor capaz de aquecer o meninin que habita este corpo

além de teu hálito.
*
Chovendo pesado madrugada toda.
Acordei e peguei mais uma coberta. 
Vi nesse gesto um luxo, 

mas preferia teu vulcão, ainda que adormecido, aqui.
*
Use o frio a seu favor:
Leia algo para alguém como quem conta um milagre a uma velha viúva sueca.


Ouse!
O frio está a seu favor:
Descubra quantas calorias a pessoa querida tem.

Ou se o frio continuar contra você:
Ande de mãos dadas com alguém - nem que seja por um metro, 2 segundos, 19 voltas, 15 nãos... 
*
Salário < Ração
Ausência < Frio
Socorro < Pedido
Memória < Sonhos
[das comparações sem igual]

(Sarau ComplexCidade - Indaiatuba-SP)


segunda-feira, 29 de junho de 2015

Desamarrando cadarços e umbigos

Hoje faz exatamente 2 anos que abri mão de um emprego estável numa grande seguradora para tentar viver das coisas que acredito.
Não ganhava muito, mas é quase o dobro do que recebo hoje dando aula e revisando textos.
Mudanças mil: redução de gastos, outros hábitos... No entanto, ganhei mais tempo pra mim e para estar perto de quem amo. Ganhei minha alma de volta. Às segundas, por exemplo, é sagrado ver e brincar com a Flora antes dela ir à escola. Visitar (amiúde) o Bento ainda é uma missão difícil...
Naquele dia, quando saí da Allianz Seguros, não tinha um plano B, não tinha grana na poupança... Eu tinha a certeza que não tornaria a vender meu sangue e suor (que são a mesma coisa, afinal) para instituições que não boto fé.
A vida é curta ( todo mundo sabe). E tenho um sentimento que vou morrer antes dos 30. Sei lá. Trago um medo de passar pela vida sem conhecer as pessoas que amo. Ou de que elas não se dêem conta de que são os verbos da minha história. Não sou bem um cara exemplar, mas tô tentando ser alguém digno das pessoas que cultivo.
Vida, gratidão por ter me permitido chegar até aqui.


domingo, 7 de junho de 2015

Anemia

Domingo é dia de visita. Não de ficar. Aos domingos a gente não liga ou marca encontro com qualquer pessoa. Existe um pacto silencioso de intimidade absoluta nesse dia.
Domingo é uma ocasião sagrada, que renova a poeira e uma solidão desgraçada de vulgar.
Domingo é gangorra de um banco só.
Religiões provando o contrário.
Domingo é convite sem destinatário.
Roda gigante sem eixo.
Paradoxo de si mesmo.
às vezes o domingo não passa de jeito nenhum. Fica passeando a semana toda em tudo que nos falta.
Ressaca mista de água benta e ácido na veia do mamilo superior.
Peso ancestral remodelando os ossos.
Precisão de seis noites com 24h de madrugada na porta da frente. 
Domingo tem cara de fim de ano: a vida fecha pra balanço, considerações gastas, encontros funcionais, remorsos planejados e comidas demodês.
Domingo é... Dane-se! 
A visita acabou. Ninguém nunca fica.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sem etiqueta rascunho

Quando o povo descobrir o poder que tem
Toda mulher e homem será rainha e rei.

*
Pugilistas, Poetas, Passarinhos...
morrem quando domesticados.
Há espécies cuja existência depende da insubordinação.

*
quero guardar a lembrança única
daquele instante antes da fotografia
quando éramos todos rascunhos de imagem
e olhos abertos.

quero guardar a lembrança exclusiva
daquele segundo quando nos conhecemos
quando éramos todos experientes e virgens
de dormir ao mesmo tempo.
quero guardar a lembrança daquela canção sem jabá
que tocava (quase) apenas nos nossos fones
quando éramos todos consumo sem serasa nem spc
nem cobrança de "me liga quando chegar"

dois segundos

Sem fim continua
essa vontade minha
que é só tua.
Sem acabamento permanece 
esse querer enorme
e que só cresce.
E
Não tarde
Que as madrugadas têm forma de infinito
Sem você pra reviver.



quarta-feira, 13 de maio de 2015

Cobertor para peixes

Tanto café da manhã sozinho
deixou meu coração encardido
vazio
Tantos embarques para destinos desconhecidos
viciaram meus olhos nas nuvens
minha alma no porão
dores em silêncio
[Pera...
Pugilista virgem assalta maternidade rural
Coiotes estampam o novo uniforme da onu
e
todos esses absurdos decorativos me fazem botar fé
que a vida é toda por um fio
e que estamos jogando fora esse nosso último hoje]
Desculpe não saber falar de amor como seu rock star predileto.
Da próxima vez
venha antes que o poema seque.
Educar é fazer as perguntas certas
para quem nunca teve qualquer certeza.
Com quem você está agora?
Um rio anônimo de peixes
Uma mão incapaz de abrir-se
Uma nota 10 sem aluno
não são mais ímpares que meu coração sem teu peito.
Excessos de porres, erros, atrasos
desculpas, improvisos, agressões e tals
fizeram companhia à minha solidão
mais única
Quando tudo parecia afogado
foi dum carinho que veio o levante
palavrões de ordem sem bandeira
cúmplice, cartaz ou cócegas
- só de olhar eu soube sempre -
a gente é o que bem.






sexta-feira, 10 de abril de 2015

Agenda Abril

11/4 - 15h
Intervenção poética Sobrenome Liberdade + Coletivo PI (Grajaú - São Paulo-SP)
Mais informações aqui

13/4 – 14h
Oficina de criação poética e no sarau na ONG Centro de Convivência São Vicente de Paulo (Campinas–SP)
19h
Intervenção e audição na Parada Poética (Nova Odessa - SP)
Informações aqui

14/4 - 20h
Sarau Suburbano Convicto (Bixiga, São Paulo-SP)
Informações aqui: http://buzo10.blogspot.com.br/

15/4 - 21h
Sarau do Vinil (Vila Joaniza, São Paulo-SP)

17/4 - 23h
Lançamento do livro "Se eu tivesse meu próprio dicionário" no sarau da Madrugada.
Informações aqui: https://www.facebook.com/profile.php?id=100008276049860

18/4
16h - Performance Clube Atlético Passarinhos no Rachão Poético - SESC Osasco
21h - Intervenção "Transforme sua cidade" com Sobrenome Liberdade e Coletivo Pi - Moóca - SP

22/4 - 17h
Oficina de criação de micro narrativas no CEU três pontas (Ermelino Matarazzo, São Paulo-SP)

28 e 29/4
Flipoços (Poços de cladas-MG)
Informações aqui

(Marcio Salata)







quinta-feira, 2 de abril de 2015

Haverá (Em espanhol)

Sea en el asfalto o en la basura,
En la mierda o en los corazones,
Las flores no dejan de nascer.
Pasen lejos los facistas incendiários de barrios
Caigan afuera los políticos prestamistas de la esperanza
Una flor nació en mi.
fuera adentro un ramo,
en un buque,
o en otras manos
- seria cadáver.
Pero en el asfalto y en la basura,
En la mierda y en estes corazones,
és estrella, floresta, bandera
puerta-luz, fiesta, alimento y atropello.
Una flor nasció,
Y a partir de ahí, tenemos alguna oportunidad.
Despierten los ninõs y niñas,
podemos soñar otra vez
Habrá amanecer.
La primavera prevalece.

(do livro Para Brisa - Tradução: Débora Antoniazi Del Guerra)


quinta-feira, 26 de março de 2015

Era verão até você

de nascença
trouxeste 1 marca
passos [destes que movem bicicletas, canoas, girassois e afins]
e 3 asas canhotas

bem além de dnas, distrações e finitudes
dois exílios em um corpo

solitárias consoantes são suas avós, viu?

volto para casa
[meu segundo lá]
desde que você

célebres desconhecidos são nossos irmãos

casais de preto
cantarolavam refrões de antigos pagodes
em frente à galeria do rock
[marcando a notícia de sua gravidade]
e eu jazia pernambuco em são paulo
quando
então
um quarto de corpos depois
entredentes
adivinho
[conciso canino sentido]
partituras só de olhar

quando a dúvida quis te tornar quase
da vida fizeste um estilo de luta:
amor-de-dar

já ultrapassei anos inteiros sem encontrar um dezembro
[sequer]
superei semanas sem sábados no final 
[quiçá]
distorci templos e nenhuma esperança reagiu 

[deveras]
liguei sex pistols, mas foi Cartola quem deu a letra 

[distopias]
aí hoje, 

o dia mais distante,
descobri uma casa andante com nome de filho-bento-eterno-aleluia


e é assim
ordens para desobedecer a paz
guerra dando luz às estrelas
floretas tramando contra fotografias de metais
água perfurando rompendo extravazando caixas
enquanto mamãe tenta te ensinar nado sincronizado
no meio do atlântico

Era verão até você,


(do álbum de família)

segunda-feira, 16 de março de 2015

Hoje tem Ninguém Lê

O Ninguém lê chega à sua 16ª edição de casa nova e remando em novas direções. Dessa vez o Tratado estará na roda. Chegue lá e vamos discutir nosso tempo!


segunda-feira, 9 de março de 2015

Por onde a poesia vai

Eu e meu mano Victor Rodrigues acabamos de lançar uma série de camisetas em parceria com a Poeme-se. São estampas com nossos poemas curtos mais conhecidos e toda qualidade e tradição da marca carioca. Coisa de primeira. Quem quiser comprar só chegar na gente nos saraus por aí (faremos alguns lançamentos) ou então no site. Comprando a camiseta na nossa mão, leva o livro que tem o texto. Temos modelos padrão t-shirt e baby look, em tamanhos de P a XXG, saindo por 58 dinheiros cada. Confere o link abaixo aí e bora vestir o mundo de poesia!
http://www.poemese.com/167-ni-brisant/p



Parada Poética - Aniversário

Hoje estarei na celebração do 2º aniversário da Parada Poética. Uma alegria braba! Farei uma intervenção com os Passarinheiros (Victor Rodrigues e Luiza Romão). Para mais infos, clique aqui.


quarta-feira, 4 de março de 2015

Prefácio do livro Escritório de Pensamentos

A história dos homens ganha agora uma nova exceção. Tatuador de histórias em árvores, Mano Ril sabe o valor do seu papel. Caneta canivete. Não desperdiça letra nem golpe. Se a selva é real, ele é bem mais. Artista do concreto.
Sua palavra não busca perfeição. O alvo é a paralisia. E Ril dispara contra as sombras e vai. Não voa nem precisa. Diga, quem poderá deter o canto desse meu irmão?
Sob o corpo de homem franzino estão guardados o filho, o pai, o menino e todas as utopias que o céu suportar. 
Pouca esperança. Menos promessas. Seus sonhos conhecem a urgência destes dias. Atitude. Há pressa. Mas ele não cai na cilada fácil. É preciso abraçar os nossos.
Escritório de Pensamentos já nasce grande de parto humanizado. Em tempo. Com fome de espaços, amigos e novidades. Seu umbigo é o mundo. Sua vida esta nas ruas, nas veias de cada guerreiro.
Há tensão! Greve geral contra a maldade. Férias perpétuas o ócio. Aqui a labuta é boa. 
Habite-se!
- Ni Brisant​



Lançamento em Jundiaí

Próximo sábado estarei em Jundiaí com meu amigo escritor Gerson Salvador lançando nossos livros e fazendo poesia no Maxi Shopping Jundiaí, a partir das 14h30. As 5 primeiras pessoas a comparem meu livro ganharão um microconto (inédito e exclusivo - feito na hora) com seus respectivos nomes.
Chegue junto!
Mais informações aqui: https://www.facebook.com/?q=#/profile.php?id=1401436056831053&ref=ts&fref=ts




domingo, 22 de fevereiro de 2015

Aos amigos da Zona Sul de SP

A partir do dia 24/2 iniciarei as aulas do curso de Empreendedorismo Social. Se conhece alguém (entre 15 e 17 anos) que more na região do Jardim Ângela chamae. O curso é profissionalizante, dura 8 meses e tem como referência os princípios da edução informal, pedagogia freiriana e muitas práticas de voos. Vai ser lindimais!

INSCRIÇÃO E CURSO GRÁTIS!
Aulas às terças e quintas, das 8h30 às 11h30 ou 13h30 às 16h30.

Local: Centro Para Juventude Ranieri
Endereço: Rua Seringal do Rio Verde, 41 - Jardim Ranieri (Zona Sul)
Telefone: (11) 58343062

Compartilhem e chamem os amigos.
#acreditonacultura #educarnós




quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

considerações para meu ontem

uma hora (cedo ou tarde) a vida cansa de bater. e aí a gente decide se usa esse intervalo para reclamar, vingar-se, lastimar ou tentar ser feliz.
tô tentando, amor.
*
devo dizer sem risco de engano
que
os inimigos que conquistei até agora
são mais frutos das alegrias que cultivei
que 
dos pecados que cometi.
*
a morte nunca é opção até torna-se ordem.

(Marcio Salata)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

peito material de hamburguer

a constante crise na rússia
o eterno atraso dos cavaleiros do apocalipse 
o movimento elástico do dólar 
acidentes na hora do vai ou racha
só provam que o mundo imita a gente.

até agora
o retrato com seu novo amor tem 533 compartilhamentos
minhas amigas comentaram adjetivos bárbaros e demodês
e na maior sinceridade dei like 
e gastei uns minutos investigando seus olhos
e achei bonito mesmo
de doer
senti um remorso por não ter reparado antes essa sua pinta na orelha.

falo sobre jardinagem, tarô, muai thai, metalinguística
folclore, cocada, delacroix e fernanda takai
mas o assunto é sempre a gente
aliás.

É possível avistar horizontes olhando pra baixo?

agora sei não
olhando do céu
alguém avista
estrelas no chão.


bonito mesmo
de doer.

meu amor,
pare exatamente aonde está.
sua felicidade não me cabe.


(Cintia Santos)



Nitroglicerina

A arma, a palavra
pólvora de poeta
o ponto que dispensa
a reza que a vela faz
sem reticência
iconografia do Grande Sertão
Sarau mais que coletivo, tatuagem
ser que habita o meio,
o perigo e os ísmos e os irmãos
da terceira margem,
ao firmamento.
Monty Pitton brasileiro,
fez de oxente, ogiva
sua língua de sultão
E se ele tivesse seu próprio dicionário,
oxente seria ogiva
piriguismo de sultão
E se nenhuma flor
nascesse na primavera
plantaria o amor
seu peito, nordeste infinito,
onde os pássaros procuram abrigo,
adubaria com cachaça a terra.
Dá sua essência pra essa gente
pro caos se instaurar
boxe e ceia, rock'n roll, Roxanne,
foda tântrica na ponta da língua
dá nitroglicerina
seja sempre você
Essa forma humana de T.N.T


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Hoje tem Sobrenome Liberdade

✥ O desafio é resistir ✥ 

◢◣Traga seus amigos, seu amor, sua arte ◢◣ 
Muito mais que fazer poesia - queremos viver histórias dignas de serem lembradas. 
♝ Vamos juntoϟ ♝

★ Noite de autógrafos dos livros ★
┼ Ângela, um jardim no vermelho, de José Sarmento;
✥ Cravos da noite, de Willian Delarte;
► Te pego lá fora, de Rodrigo Ciriaco;
✿ Intervenção do poeta/causador: Daniel Viana e sua máquina de colher histórias. Trocando um causo por um conto.
♝ Varal e projeção de fotopoesias de diversos artistas; 
★ Distribuição gratuita de postais do Projeto Praga;
✥ Rifa de livros.

★ Nosso tempo é agora.
Chegue junto!

Quinta-feira (5/2), a partir das 19h30.
Grátis. Nós por nós!
Endereço: Relicário Rock Bar: Rua Manoel de Lima, 178

Curta a página do movimento: https://www.facebook.com/sobrenomeliberdad
Apoio Cultural: Relicário Rock Bar

♝ Esta é uma iniciativa totalmente independente (sem qualquer patrocínio da iniciativa pública ou privada).



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Sessão de fatos

Eu e o Victor Rodrigues estamos escrevendo microcontos a partir de fotos na Sessão de fatos do Facebook. Curta a página e envie uma foto sua in box. Daí escreveremos algo pra você. Simples assim. Segue um tira-gosto:

34 passos contados para meia volta e logo estarei invisível — pra variar. o segredo está no cruzamento. a trilha é mão única. bom sinal é o que lança fora.
troquei o sangue do teu aquário por 16g de solidão. deixei panelas na pia. encarei o abismo que nos cerca — nunca estaremos novamente tão expostos quando vestidos. 

(foto: Janaina Moitinho)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Bento

teu berço é abraço
teu passo evoé
o silêncio entre as notas da medulla
o espaço entre as casas do zodíaco
o vermelho entre os céus dos caninos
o polegar entre as maçanetas do coração
o suspiro entre as férias da Flora
entre.

e
se o tempo parar de brincar com seus cabelos
consulte as nuvens
conserte as nuvens
até que elas se tornem seu segundo sangue.

sagrado será todo caminho
que trilhar com amor
e coragem tamanha
que será capaz de apanhar sua própria alegria
onde antes era não.

espere nada dos sonhos.
habite-se.
o impossível não diz mas.

Bento, meu coração que pulsa fora do peito,
nunca é tarde para um café e um bom dia
sobretudo quando sonha
se
menos chão 
mais céu
sins.


domingo, 1 de fevereiro de 2015

Prefácio: Páginas envenenadas

O perigo mora dentro
Universal e particular, Páginas envenenadas é o itinerário para uma jornada de extremos, que dispensa passos óbvios e abusa de saltos mortais. Com sua poesia exclamativa, Guilvan Miragaya apresenta um eu-lírico em constante rota de colisão contra a inércia. Suas reflexões demonstram que não basta compreender o mundo e a vida, é preciso não se submeter, não se alinhar, não.
Os sonhos deste poeta levantam a bandeira de uma pátria em evolução, mas cuja identidade ainda é uma multidão em fuga, engenhosas peças da vida que vão além de perdas e lutas.
A partir de um canto da realidade, Miragaya cria enredos (aparentemente desconexos, mas sólidos) invocando figuras de sua saudosa infância, repleta de animais fantásticos e sonhos de caminhadas sem despedidas.
Intacto, escondido em todas estas páginas, está o sentimento mais elevado, aquele que não se detém no corpo. É preciso todo coração para compreendê-lo como a grande maravilha.
Nem beira do lago, nem mar: Lágrimas da garoa.
Nem chuva, nem garoa: água.
Nem ausência, nem distância: poesia.
É assim, utilizando notas do cotidiano e bebendo na fonte dos gigantes que o poeta humano circula por cenários improváveis, na tentativa de romper a fronteira entre uma vida cinza e raios dourados.
Tudo é ocupação. Este livro é rico em referências, a começar pelo título, que dialoga com O nome da Rosa, do italiano Umberto Eco.
Não é apenas um questionamento ao fim do dia. Páginas envenenadas é a coluna de um homem insubordinado, amiúde subversivo. O registro de um sujeito que não se contém nos atos, nem nas palavras.
Aqui está a alma de um homem em movimento. Igual um oceano, não há como atravessar este livro impunemente. O perigo mora dentro. A Liberdade também.
Enquanto houver chão para ir, não faltará céu para voar. Dê o primeiro passo.
Boa viagem!

- Ni Brisant


sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Prefácio: Aprender Menino

O astronauta e seu porão
Depois de muito tempo fora, Victor Rodrigues ultrapassa suas próprias barreiras e volta pra casa. Sua bagagem é pouca. Mas o que ele traz consigo não cabe em um peito. Acima das cicatrizes, perdas e ganhos, o que ficou foi Aprender menino, essa caixa de nuvens.
O mundo acabou sem fim. E enquanto a maioria procura razão para viver, o Praga de poeta experimenta uma bebida de suas raízes mais profundas. Sabe que apenas provando-se será capaz de fazer mover essa multidão de um homem só — onde habita. Tudo faz sentir.
Assuntos da rua, política e aquela desesperança, que dominavam os livros anteriores, dão lugar a canções etílicas, algumas alegrias baratas (raramente gratuitas), amores clandestinos e seus desvios de conduta. Sua poesia nunca esteve só no papel.
Aprender menino poderia ser o livro de cabeceira de toda pessoa de 30 ou mais, porém tamanha maturidade requer alguma infância no coração. Tomara que você não esteja velho demais para essa viagem.
Se escrever é, antes de tudo, um duelo com o impossível, Victor está mais bem armado do que nunca. Cada um de seus poemas é um bilhete e uma estrada — jamais um mapa. Aqui não há abrigo, só lar. Boa lida!

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Prefácio Pétalas e Pedradas

Do canto fez-se o voo

Nascido e criado no extremo sul de SP, Jefferson Santana traz a obstinação do berço. Em Cantos e desencantos de um guerreiro, seu livro de estreia, ele já apresentava uma postura legítima de combatente, alguém que usa a palavra na tentativa de alterar, de algum modo, a realidade. Assim, Santana tem feito da poesia sua arma. Com ela em punho, tem participado ativamente da revolução cultural que acontece além das periferias paulistanas: os saraus. 
Agora, em Pétalas e Pedradas, este escritor da liberdade traz uma poesia sintética, com versos concisos e amplos de significados. Mostrando que está tão comprometida com a linguagem quanto com o discurso, esta obra discorre sobre questões sociais sem cair na arapuca do panfletarismo político, fala do cotidiano sem torná-lo óbvio e canta o amor como tem que ser – sem prudências. 
O autor retoma frequentemente a figura do homem comum, preso às suas ambições e rotinas pintadas em aquarela-preta-e-branca. Mas ao invés de limitá-los aos estereótipos, seus personagens fogem em contradições, desventuras e horizontes mil. O destino é sempre um lugar a ser preenchido. 
Marcado pela intensidade de um eu-lírico guerreiro, Pétalas e Pedradas possui a urgência de quem sabe que o nosso tempo é agora. Suas reflexões instigam o leitor a novos atos, com improvisos e tropeços próprios de um baile sem coreografia – onde o mais importante é a dança, a ação.
Jefferson Santana mescla toda a sensibilidade de um desalinhado (na vida e no amor) aos elementos da tradição poética para apresentar uma autópsia completa do coração humano. Não há engodos, censuras, nem hipérboles. Em seus versos, nossas moléstias e glórias estão à mostra in natura.
Este trovador solitário descreve – ora em versos curtos, ora em longos – as minúcias cotidianas de um espírito indômito, construído a partir de constantes deslocamentos e rupturas de padrões. 
Seu livro da vida é um poema maior: escrito na pele da última mulher, antes do café da manhã, entre o sonho e a realidade, com notas do manual de um porre qualquer. Não é poesia de protesto; é poesia de perigo!
Para os afetados, é ultraje, palavra malcriada, cínica, que morde e não assopra; cuspe na cara. É PEDRADA na cabeça!
Para os imprescindíveis, é afago, canção de chamamento, contundente, que prenuncia outra estação; beijos de primeira vez. É PETALA na língua. 
Do canto fez-se o voo: Pétalas e Pedradas. Boa leitura e vá!

- Ni Brisant

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Diz pensando

um cheiro
para quem nunca mandou lembranças

d
e
u
s



percebe que está gostando de verdade deixando
se.


domingo, 25 de janeiro de 2015

Acordes para lala

tenta dormir agora
para viver os sonhos que ainda não sabe que serão para sempre
despertar.



(Sarau Encontro de utopias)