domingo, 1 de fevereiro de 2015

Prefácio: Páginas envenenadas

O perigo mora dentro
Universal e particular, Páginas envenenadas é o itinerário para uma jornada de extremos, que dispensa passos óbvios e abusa de saltos mortais. Com sua poesia exclamativa, Guilvan Miragaya apresenta um eu-lírico em constante rota de colisão contra a inércia. Suas reflexões demonstram que não basta compreender o mundo e a vida, é preciso não se submeter, não se alinhar, não.
Os sonhos deste poeta levantam a bandeira de uma pátria em evolução, mas cuja identidade ainda é uma multidão em fuga, engenhosas peças da vida que vão além de perdas e lutas.
A partir de um canto da realidade, Miragaya cria enredos (aparentemente desconexos, mas sólidos) invocando figuras de sua saudosa infância, repleta de animais fantásticos e sonhos de caminhadas sem despedidas.
Intacto, escondido em todas estas páginas, está o sentimento mais elevado, aquele que não se detém no corpo. É preciso todo coração para compreendê-lo como a grande maravilha.
Nem beira do lago, nem mar: Lágrimas da garoa.
Nem chuva, nem garoa: água.
Nem ausência, nem distância: poesia.
É assim, utilizando notas do cotidiano e bebendo na fonte dos gigantes que o poeta humano circula por cenários improváveis, na tentativa de romper a fronteira entre uma vida cinza e raios dourados.
Tudo é ocupação. Este livro é rico em referências, a começar pelo título, que dialoga com O nome da Rosa, do italiano Umberto Eco.
Não é apenas um questionamento ao fim do dia. Páginas envenenadas é a coluna de um homem insubordinado, amiúde subversivo. O registro de um sujeito que não se contém nos atos, nem nas palavras.
Aqui está a alma de um homem em movimento. Igual um oceano, não há como atravessar este livro impunemente. O perigo mora dentro. A Liberdade também.
Enquanto houver chão para ir, não faltará céu para voar. Dê o primeiro passo.
Boa viagem!

- Ni Brisant


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