quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Crimes

(Erick Silva)
Não existe bom combate
quando o sangue de um puro ilustra o mal
e a vitória não significa paz, nem libertação.
 
Justiça e vingança são ilusões de ótica,
embora a morte se ache uma justa consequência,
a sina do vil matador já é estar cativo à sua própria alma
sempre que a consciência castigar o crime aniquilando a paz
e a boca mastigar convicções arrependidas e irreversíveis,
enchendo a carne de estigmas barbaramente sagrados.
 
Quando o silêncio de não ter nada a esconder
for confundido com o cinismo de segredos imundos,
nem a razão mais sincera justificará o extermínio de uma vida,
ainda que sob o argumento de consolar um erro igualmente mau.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Retrospectiva antecipada

Não caio na armadilha de achar que "venci na vida", mas preciso reconhecer, este é um tempo de coisas boas, de grandes sonhos.
Não cheguei ao topo, nem precisei me tornar o "Number one" para me sentir o cara mais feliz do mundo.
No dia em que desembarquei em Sampa, tive tanto medo que achei que não suportaria a saudade, o frio, as incertezas. Agora percebo o quanto as quedas moldaram o meu espírito, as angústias fortaleceram o meu caráter e, justiça seja feita, não cheguei até aqui sozinho.
Minha aventura em Sampa nem sempre foi de alegrias, mas foi aqui que conquistei meu tão almejado "canudo", fui para os melhores shows da minha vida, casei, separei (esta é uma das partes ruins), vi minha filhinha nascer e na última semana acompanhei a edição final do meu primeiro livro...
Hoje liguei para minha mãe, falamos sobre a vida; ela me deu os conselhos de sempre e no fim, disse algo que inundou os meus olhos, fato raro: "Antes eu rezava pra você voltar pra casa, meu filho. Mas agora eu entendo que seu coração é grande demais... você é um artista, Ni. É bom ser sua mãe."
Numa hora dessas, eu quase caio na tentação de pensar que sou um cara de sorte e que realmente estou satisfeito com o que consegui.
Mas não, eu apenas comecei!

Toca Raul!

domingo, 16 de outubro de 2011

Consolo

(Paulo SS)
Outro cigarro faleceu em sua boca
e materializou a fuligem do prazer
coreografando o infinito em seus dedos.
Mas antes, a chama que o engoliu
acariciou todo o seu desgosto
com a euforia de um cego paralítico
que, conquistando o primeiro passo,
goza a inédita volúpia de correr
e vai na direção dos abismos mais longos
sem sonhar que seu gozo é a desgraça,
um passaporte para o esquecimento.

domingo, 2 de outubro de 2011

Caso rock

(Flávia Barros - Escape)
Você destrói meu coração,
para me paralisar;
Engessa o meu corpo,
tentando me domar.

Quando me livro dos teus medos,
não tenho mais nada a perder;
Minha queda é uma dança,
não tente me erguer.

Oh garota, vou embora daqui.
Hey louca, nem pense em me seguir.

Teus truques me divertem,
e eu até sinto prazer;
Tuas promessas são grades,
não vão me prender.

Meu ritmo te excita,
e até a luz se apaga;
Quando assumo o controle,
não penso em mais nada.

Oh garota, vamos repetir.
Hey louca, não tente resistir.