domingo, 7 de junho de 2015

Anemia

Domingo é dia de visita. Não de ficar. Aos domingos a gente não liga ou marca encontro com qualquer pessoa. Existe um pacto silencioso de intimidade absoluta nesse dia.
Domingo é uma ocasião sagrada, que renova a poeira e uma solidão desgraçada de vulgar.
Domingo é gangorra de um banco só.
Religiões provando o contrário.
Domingo é convite sem destinatário.
Roda gigante sem eixo.
Paradoxo de si mesmo.
às vezes o domingo não passa de jeito nenhum. Fica passeando a semana toda em tudo que nos falta.
Ressaca mista de água benta e ácido na veia do mamilo superior.
Peso ancestral remodelando os ossos.
Precisão de seis noites com 24h de madrugada na porta da frente. 
Domingo tem cara de fim de ano: a vida fecha pra balanço, considerações gastas, encontros funcionais, remorsos planejados e comidas demodês.
Domingo é... Dane-se! 
A visita acabou. Ninguém nunca fica.

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