quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Prefácio Pétalas e Pedradas

Do canto fez-se o voo

Nascido e criado no extremo sul de SP, Jefferson Santana traz a obstinação do berço. Em Cantos e desencantos de um guerreiro, seu livro de estreia, ele já apresentava uma postura legítima de combatente, alguém que usa a palavra na tentativa de alterar, de algum modo, a realidade. Assim, Santana tem feito da poesia sua arma. Com ela em punho, tem participado ativamente da revolução cultural que acontece além das periferias paulistanas: os saraus. 
Agora, em Pétalas e Pedradas, este escritor da liberdade traz uma poesia sintética, com versos concisos e amplos de significados. Mostrando que está tão comprometida com a linguagem quanto com o discurso, esta obra discorre sobre questões sociais sem cair na arapuca do panfletarismo político, fala do cotidiano sem torná-lo óbvio e canta o amor como tem que ser – sem prudências. 
O autor retoma frequentemente a figura do homem comum, preso às suas ambições e rotinas pintadas em aquarela-preta-e-branca. Mas ao invés de limitá-los aos estereótipos, seus personagens fogem em contradições, desventuras e horizontes mil. O destino é sempre um lugar a ser preenchido. 
Marcado pela intensidade de um eu-lírico guerreiro, Pétalas e Pedradas possui a urgência de quem sabe que o nosso tempo é agora. Suas reflexões instigam o leitor a novos atos, com improvisos e tropeços próprios de um baile sem coreografia – onde o mais importante é a dança, a ação.
Jefferson Santana mescla toda a sensibilidade de um desalinhado (na vida e no amor) aos elementos da tradição poética para apresentar uma autópsia completa do coração humano. Não há engodos, censuras, nem hipérboles. Em seus versos, nossas moléstias e glórias estão à mostra in natura.
Este trovador solitário descreve – ora em versos curtos, ora em longos – as minúcias cotidianas de um espírito indômito, construído a partir de constantes deslocamentos e rupturas de padrões. 
Seu livro da vida é um poema maior: escrito na pele da última mulher, antes do café da manhã, entre o sonho e a realidade, com notas do manual de um porre qualquer. Não é poesia de protesto; é poesia de perigo!
Para os afetados, é ultraje, palavra malcriada, cínica, que morde e não assopra; cuspe na cara. É PEDRADA na cabeça!
Para os imprescindíveis, é afago, canção de chamamento, contundente, que prenuncia outra estação; beijos de primeira vez. É PETALA na língua. 
Do canto fez-se o voo: Pétalas e Pedradas. Boa leitura e vá!

- Ni Brisant

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