quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

autopoema

mais vale alguém perdido 
e em busca de si 
do que uma multidão 

que se acha

artistas de plástico 
constroem consolos sob encomenda
para carrapatos crocodilos cavalos do cão
vírus
que rimam, mas não vivem, a estética da miséria

se usam a arte como alavanca
eu gangorra


eles: lança-chamas
eu: livros

eles: best-sellers 
eu: besta fera


eles passarão
eu: caminho

era uma vez um homem
e seu tempo
era uma vez



(do livro Para Brisa)

Princípios

museus são varais de retrógrados quadrados
cujos fundos detêm assinaturas 
gaiolas de sonhos sem futuro

se 
couber

caçando meu papel no mundo
encontro a palavra que me veste
nas figuras das nuvens
na queda dos muros
lar onde tocam os peitos


mar é meu parque
chão é o berço
das asas

e ao invés do que podem dizer,
o silêncio não é o oposto da música.
silêncio é o aeroporto
de onde decolam a dança, os riscos, a rebeldia, as histórias


(do livro Para Brisa)






terça-feira, 30 de dezembro de 2014

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Se eu tivesse meu próprio dicionário

a primeira poesia que tenho lembrança de ter feito foi essa: bebedouro é uma chuva, só que pra cima.
tinha 6 anos e fiquei internado por vários dias sozinho no hospital de Esplanada-Ba. Até então, poucas vezes tinha saído da roça onde morava. e ao voltar pra casa, na falta de vocabulário para descrever minha experiência na cidade, comecei a inventar descrições para os objetos que havia visto... obviamente, isso tornou-se razão de pilhéria entre os meus irmãos. Eles me mangaram até umas horas. Nunca pude esquecer da angústia que é não encontrar as palavras certas para me defender.
por ironia ou sorte, esse ano lancei meu terceiro livro seguindo a mesma lógica daquele primeiro verso. um livro feito para mudar os sentidos do mundo. acho que nisso reside minha missão enquanto gente e escritor.
muito agradecido a cada um que acreditou e colaborou com essa publicação.
coragem!