sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Ilustres

Gente com estilo próprio, que se garante e acredita no valor da sua Arte. Este é o esquadrão dos Ilutres, os artistas selecionados para compor o livro Tratado sobre o coração das coisas ditas:

Na linha de frente do estúdio Hori-wa!, Chosa assina as mais fantásticas tatuagens da Zona Leste de SP. 
Dona de um traço preciso e apurado, esta garota não se deixa enquadrar pelos padrões convencionais e emprega uma perícia sofisticada para elaborar desenhos exclusivos, cheios de graça, movimento e cor. 
 
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Aprendiz de design gráfico, Erick Silva mostra que já tem personalidade formada e, seja nas ilustrações ou nas fotografias, conserva uma atitude audaciosa e engajada. Seguindo a linha das melhores HQs japonesas (ou não), basta-lhe um lápis afiado para que grave no papel seu modo peculiar de ver as pessoas, o mundo e a vida.
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Uma jornalista que sonha em assumir as baquetas de uma banda de rock ou uma mãe tentando escapar do mundinho corporativo enquanto cria ilustrações nonsense? Esta é Flávia Barros, a artista-multifuncional que encontrou no design gráfico uma maneira bacana de representar a alegria do seu espírito juvenil. Idealizadora da loja Imaginado Efeito, Flávia  cria e produz quadros fascinantes feitos no azulejo.
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Agitador da cena cultural paulistana, Marcelo Gerace está entre os artistas plásticos que mais compreendem a linguagem e as aspirações do nosso tempo. Seus projetos, carregados de provocações essenciais, levantam e discutem ideias que permitam novos processos criativos, experimentos e parcerias. Biólogo e professor de Artes, ele se define como um antropófago faminto. Pois bem, que ninguém sacie esta fome tão imprescindível.
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Fã de Keith Richards, pai do Pedro, guitarrista da Couro Cabeludo Rock, criador do Blues Tattoo Studio, entre outras façanhas não menos importantes. Este cara atentado é Paulo SS. Suas tatuagens podem variar de acordo com o gosto dos fregueses mais exóticos e inusitados. Suas ilustrações não. Nestas prevalecem seu estilo ultra-realista, repleto de desenhos instigantes e composições meticulosamente elaboradas.
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Ignorando as fronteiras invisíveis que as megalópoles sustentam, Tigão desafia a lei da gravidade, entre outras, para encobrir de esperança os tons azedos que empalidecem as ruas e fachadas de São Paulo. Ele não escolhe superfícies para imprimir a bravura do seu talento, um dom completamente acima da arrogância e vaidade que lotam de bobagens os ateliês e museus.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Tratado sobre o coração das coisas ditas

Acordo e me pego no abismo de sempre
com cicatrizes de alegrias forçadas no rosto
levanto para travar lutas de conquistas obrigatórias,
enquanto penso num modo de dormir em pé
evito a tentação dos acordos que a rotina
oferece para uma rendição pacífica e covarde
em seus cemitérios de cérebros e corações.

A vida ainda impõe identidades que não me servem
e para não ser vítima do meu próprio reflexo,
me invento na fuga diária do óbvio,
do tédio e deste vil destino volúvel;
e é aniquilando frases pré-fabricadas
que converto as ficções mais reais
em armas incendiárias de sentidos.

Escrevendo me aproximo de ser gente,
faço uso da coragem e dos sonhos que alimento
para crer numa improvável chance de dignidade
que me livre de meus vícios sádicos e impublicáveis,
defenestre toda timidez cabisbaixa e insegura;
transgressão que dê entendimento a quem quer saber
num tratado sobre o coração das coisas ditas.

Faço da palavra minha pátria, arte e coração.
Gravo estas insígnias no meu corpo e expresso
uma matéria legítima de liberdade e resistência,
o mais potente combustível capaz de mover:
funde sangue, punhos, suor e flores
para gerar uma energia tão infalível
que já não pode ser representada.

Feito idioma exótico, minha expressão é signo raro
compreendido apenas pelos imprescindíveis desajustados,
pelos manos mais intrépidos e necessários.
Meu manifesto é para quem tem algo a dizer,
quem ousa pensar na vida e segue combatendo
ainda que pareça derrotado e já sem forças para existir.
Luto contra toda opressão oficializada em máscaras de paz
e mesmo que abatido, eu não me rendo. Não me rendo não!

(Marcelo Gerace)

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Vamos fazer o nosso livro!

Uma obra capaz de reunir textos pulsantes e afiados, além de divulgar a expressão de artistas independentes, valorizando a diversidade de manifestações e pensamentos. A partir dessa proposta simples e ousada, surgiu o projeto “Vamos fazer um livro?”.
Inicialmente sem grandes pretensões, esta iniciativa já mobilizou e atraiu os olhares mais atentos, de quem não se sente representado (nem visto) na cena cultural e literária do nosso país.
O título escolhido, Tratado sobre o coração das coisas ditas, sintetiza a idéia original de mostrar a essência e genuinidade dos sentimentos mais honestos, através de uma linguagem peculiar, sem eufemismos ou frases feitas.
Logo, a interrogação do post anterior se converteu na certeza de que as palavras saltarão da rede para o papel em grande estilo.
Sim. Vamos fazer o nosso livro!
Coragem!

domingo, 26 de junho de 2011

Vamos fazer um livro?

Essa é a chance de divulgar sua Arte e colaborar na publicação de um livro feito para quem tem algo a dizer, quem cresceu, mas não desistiu de ser grande.
Eu vou entrar com os textos. Título, ilustrações, comentários, enfim, o resto é contigo!
E aí, estamos juntos?
(Eugéne Delacroix, La Liberté guidant le peuple)
Escolha o título do livro que quer ler:

Na barra lateral há três opções para o título:
- Outras Versões Não Identificadas;
- Tratado sobre o Coração das coisas ditas;
- Palavras Armadas (no verso).

(P.S. O título mais votado foi... Tratado sobre o Coração das coisas ditas).
Imagem e diferença:
Arte é sempre uma edição limitada e pessoal, algo que nunca poderá ser repetido, igualado ou corrompido. Portanto, esta é a hora de registrar seu talento em algo que vale a pena, algo feito com o coração.
Desenhe sobre o que quiser. Mas se precisar de inspiração, elabore seu trabalho a partir de um texto já postado no blog e envie a imagem (em alta qualidade) juntamente com o título do post. Quanto mais enviar, melhor!
Desenhe e assine:
Pinturas, ilustrações, gravuras ou qualquer outro desenho (simples ou não) que possa ser colocado no papel. O importante é que tenha sido feito por você, que represente um pouco da sua postura diante do mundo e das pessoas. 
Você é o responsável pelo que faz, sacou?
Para garantir uma boa qualidade na impressão, recomendo que faça algo com traços bem definidos e de preferência, sem muita variação nos tons. 
(Almeida Júnior, Moça com Livro)
O material gráfico deve ser enviado para o e-mail: nibrisant@bol.com.br. Não esqueça de especificar os créditos das imagens, certificando que poderão ser utilizadas no livro.
O valor:
As colaborações não serão remuneradas, funciona como uma troca direta de colaboração e exposição. As imagens selecionadas serão publicadas no livro com seus devidos créditos ao autor das mesmas.

Serão participações muito bem vindas de pessoas com vontade de mostrar seu talento, de se expressar livremente, transmitindo suas visões e seu jeito único de encarar a vida.
 Antes que o mundo acabe:
Os próximos anos serão os melhores, neles escreveremos as histórias que realmente merecem ser contadas, cantaremos nossas próprias canções. Vamos acreditar nos sonhos que quisermos e escrever os livros que queremos ler!
Vote, exponha-se, mostre para o mundo a Arte que alimenta os seus dias.
A vida é aqui-agora!
E então, vamos fazer um livro?

domingo, 19 de junho de 2011

Sobre o futuro e outras previsões

Você já parou para pensar como estará sua vida daqui a uns 5 anos, mais ou menos? E quanto ao destino, você acredita mesmo nele? 
Ok! Então preste atenção nestas valiosas dicas e logo descobrirá o modo mais verdadeiro para superar futuros fáceis de se prever, se tornar o escritor da sua história e desvendar a única lição que a vida realmente exige que se saiba.
Destino. Futuro. Desafios. Não existe um exemplo melhor do que a escola para se falar destas coisas, não é mesmo? É lá que tropeçamos na maioria das perguntas mais difíceis que encontramos pela vida, conhecemos gente de todo tipo, além de ser um lugar onde se passa o tempo todo só na expectativa, pensando no amanhã.  Mas me diga uma coisa: estudar, para que? 
Pois bem, mas antes de dar sua resposta, saiba que existem certos problemas bem mais importantes que suas soluções. Às vezes é bom não ter tanta certeza sobre as coisas, estar pronto a duvidar das “verdades enlatadas” e, acima de tudo, perceber que grandes dúvidas são respondidas com questões ainda maiores, não com afirmações pomposas e vazias. 
Eu já ouvi todo tipo de resposta para aquela pergunta. Do óbvio: “estudo para ser gente”. Ao sincero: “estudo para não ter que ir trabalhar ou ficar em casa”. Passando pelo ambicioso: “para ganhar dinheiro”. Este último não deve saber que no Brasil, infelizmente, dinheiro e educação nunca andaram juntos, pelo menos não em público. No entanto, a réplica que mais me agrada é sempre a do intrépido: “não sei, mas vou estudar e um dia lhe darei a resposta certa”.
Alguns têm problemas com números, outros com palavras, uns com os dois, e ainda existem aqueles que só têm problemas. Mas quer saber, na vida a gente não precisa saber fazer tudo. Mas é sempre bom procurar aprender a fazer pelo menos uma coisa direito, e aí, talvez tentar ser o melhor naquilo. Isso foi dito pelo mestre Nestor Arduini numa aula de matemática, e para falar a verdade, quase não lembro mais nada daquela matéria, contudo, foram estas palavras que me encorajaram a seguir adiante, sem remorso por não compreender direito as leis de Descartes e me permitindo enxergar sempre as virtudes antes dos defeitos. Entende? 
Todos nós temos uma missão, uma Arte escondida em algum canto do nosso íntimo. Algo em que acreditamos, que sabemos fazer bem, através da qual podemos enxergar a verdade das coisas muito além do óbvio. Ocorre que ao invés de lutarmos pelos nossos sonhos, muitas vezes, acabamos perdendo tempo com coisas que não nos acrescentam nada, que nos põem pra baixo e nos fazem “perder de ano”. 
É bem verdade que a maior parte das coisas que aprendemos na escola nunca será usada. Todo o esforço para decorar aquelas regras de álgebra talvez tenha sido inútil; quem sabe, você nunca mais volte a falar sobre análise sintática, mapa da América Central, nem Guerra do Paraguai... Mas vai saber?! No final, a vida é como uma prova: a gente pode até manjar do assunto, mas não há como garantir quais questões cairão. Por isso, é bom estar preparado para enfrentar esse monstro chamado ignorância.  A vida não se resume a certo ou errado, mas é bom saber.
Nosso maior patrimônio não são apenas as certezas ou o que a gente aprende, mas principalmente nossas dúvidas, tudo aquilo que nos faz “sair do lugar” e tentar compreender a vida, lutar para que ela seja mais humana, digna, alegre e boa. Enfim, este tipo de patrimônio vale muito, por isso nunca poderá ser perdido.
Ninguém pode escolher o lugar onde nascerá, o corpo que irá ter, nem a qual família pertencerá, contudo, tenho a convicção de que, embora não seja nada fácil, todo homem pode ser o dono do seu destino, desafiar sua sina, sonhar.
O futuro está nas mãos de quem sabe pensar, de quem tem atitude e ousadia para se tornar o melhor que se pode ser. E para isso, não existe arma mais eficiente e apropriada que o conhecimento.
Portanto, estude, leia. Se for preciso, releia. Nunca hesite em questionar aquilo que não entende ou não concorda. O futuro ainda não foi escrito, não perca tempo tentando adivinhá-lo. Também não limite-se a ser só o que a vida lhe impôs. Sempre é possível ser mais. Então tenha coragem. Lute. Seja!

* Ilustrações de Tigão.