quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Diário de bordo (dia 13)

Domingo, 13 de novembro de 2011. Antes que a chuva molhe a terra da garoa, a Casa Fora do Eixo se transforma numa locomotiva frenética de cultura, música e ideias perigosas. Não há expectativas. É tudo ao mesmo tempo agora!
O movimento orgânico e coletivo articulou no bairro da Liberdade uma incrível torre de Babel, provando que no coração de São Paulo circula o sangue do mundo inteiro.

Foi engraçado desfrutar de sotaques baianos, paulistas, noruegueses, cariocas, pernambucanos, canadenses, mineiros, cuiabanos... Tudo ali, junto, misturado, lindo!
O pré-lançamento do Tratado sobre o coração das coisas ditas foi, acima de tudo, uma ocasião para reunir os amigos, brindar à Arte e celebrar a vida.
Foi emocionante compartilhar esta conquista com pessoas tão queridas, gente que faz parte da minha história e fez todo esforço possível para prestigiar o evento. Bacana também fazer novos aliados, ouvir a opinião de leitores e conhecer ainda mais pessoas que acreditam no meu trabalho.
Os parceiros que não puderam comparecer também foram lembrados. Alguns participaram do processo de elaboração do livro e com certeza, embora não estivessem fisicamente ali, enviaram toda a positividade necessária para que tudo ocorresse da melhor maneira.


Para comprovar o sucesso do Tratado, basta dizer que mais de 50% dos exemplares foram vendidos logo na primeira semana. No entanto, a maior façanha deste projeto foi produzir um livro independente, com alta qualidade estética e material. Uma obra verdadeira, bonita, sensível e preocupada com a linguagem e as questões dos nossos dias.

Os problemas não dão trégua e as lutas são constantes. Gastamos tempo demais "batendo cartão", superando fracassos e enfrentando os perrengues que a vida nos impõe. Mas aí quando conquistamos algo pelo qual lutamos muito e temos um motivo para comemorar, então devemos fazê-lo... Este é o meu momento. E eu estou muito feliz por ter conseguido publicar este livro, de coração.
Chegar aqui foi mais difícil do que parece. Tenho a noção exata do que este livro representa. Este triunfo não é só meu. Sei o quanto minha família e meus amigos estão orgulhosos de mim. E eu sou muito grato por todo apoio e reconhecimento que tenho recebido. Não sou tão forte quanto pareço ser. Preciso que saibam que é muito importante tê-los ao meu lado. Juntos, iremos ainda mais longe. E vamos!

O dia 13 de novembro de 2011 foi um dia feliz. Vou sempre lembrar desta data com carinho. Mas este é apenas o começo. Não serei o escritor de um livro só. Nem vou me deixar corromper pela soberba ou pela arrogância típicas dos "vencedores". Eu sei quem sou, de onde saí e principalmente, eu sei que não estou sozinho.
Os dias difíceis voltarão, novas quedas se aproximam e terei batalhas ainda mais duras a travar. Mas não importa! A minha glória é o próprio combate. E eu não me rendo. Não me rendo não!

O Homem do Futuro - Tempo Perdido (Legião Urbana)

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Crimes

(Erick Silva)
Não existe bom combate
quando o sangue de um puro ilustra o mal
e a vitória não significa paz, nem libertação.
 
Justiça e vingança são ilusões de ótica,
embora a morte se ache uma justa consequência,
a sina do vil matador já é estar cativo à sua própria alma
sempre que a consciência castigar o crime aniquilando a paz
e a boca mastigar convicções arrependidas e irreversíveis,
enchendo a carne de estigmas barbaramente sagrados.
 
Quando o silêncio de não ter nada a esconder
for confundido com o cinismo de segredos imundos,
nem a razão mais sincera justificará o extermínio de uma vida,
ainda que sob o argumento de consolar um erro igualmente mau.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Retrospectiva antecipada

Não caio na armadilha de achar que "venci na vida", mas preciso reconhecer, este é um tempo de coisas boas, de grandes sonhos.
Não cheguei ao topo, nem precisei me tornar o "Number one" para me sentir o cara mais feliz do mundo.
No dia em que desembarquei em Sampa, tive tanto medo que achei que não suportaria a saudade, o frio, as incertezas. Agora percebo o quanto as quedas moldaram o meu espírito, as angústias fortaleceram o meu caráter e, justiça seja feita, não cheguei até aqui sozinho.
Minha aventura em Sampa nem sempre foi de alegrias, mas foi aqui que conquistei meu tão almejado "canudo", fui para os melhores shows da minha vida, casei, separei (esta é uma das partes ruins), vi minha filhinha nascer e na última semana acompanhei a edição final do meu primeiro livro...
Hoje liguei para minha mãe, falamos sobre a vida; ela me deu os conselhos de sempre e no fim, disse algo que inundou os meus olhos, fato raro: "Antes eu rezava pra você voltar pra casa, meu filho. Mas agora eu entendo que seu coração é grande demais... você é um artista, Ni. É bom ser sua mãe."
Numa hora dessas, eu quase caio na tentação de pensar que sou um cara de sorte e que realmente estou satisfeito com o que consegui.
Mas não, eu apenas comecei!

Toca Raul!