domingo, 9 de novembro de 2014

VAMOS LIVRAR

Começa hoje a pré-venda do meu novo livro. O menor minidicionário das galáxias tem 78 poemas curtíssimos, que pretendem o lindo absurdo que é mudar o significado das palavras e do mundo (por que não?)
Se você se identifica com o que eu escrevo e quer fortalecer essa caminhada, adquira o livro na pré-venda. Como sempre, a publicação é independente e custa baratin: 14,99 dinheiros. E quem comprar agora ainda receberá um mimo exclusivo. A entrega/postagem será feita até o dia 24/11. 
Gratidão e vamos juntos!
O livro está disponível no site LiteraRua: http://www.literarua.vitrinapro.com.br/se-eu-tivesse-meu-proprio-dicionario-pre-venda


sábado, 8 de novembro de 2014

arma desamor

queria acreditar novamente
no poder esplêndido dos ioiôs
na magia dos bumerangues
na convicção do eterno retorno
na mística infalível da reencarnação
no rolê bate-volta
invariavelmente

eu queria acreditar
em você


mas contrariando a lógica das armas
a gente se distancia 

e
assim
aumenta o poder de destruição

longe
mata 

mais
(Foto: Marcio Salata)

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

de dia

mar
nunca foi lugar para alcançar o chão

fácil rimar
raro amor

perdão
nunca foi demais
desde que
amém

gente é um só
no plural

diga
a senha é seta
e aponta pra qual portal?

o que te cobre
além
das nuvens
do provedor
é sal?


atire-se
alvo mira
o olho do cu do cão

respire
no fundo
é cheiro de tal.com

utensílios
todos
são
métodos de moer
nozes
e as gentes

cadê a zica
foi tomar café?
[arte e texto: Ni Brisant]

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Anatomia da morte

talvez um dia eu fique em casa
escrevendo.
da minha poltrona 
denunciarei todas as injustiças
agitarei greves incêndios
revoluções

talvez um dia eu fique em casa
só escrevendo.
do meu jardim secreto
serei o poeta do povo
tramando contra o rei
apontarei as falhas do sistema
promoverei lutas boicotes
assassinatos – até

talvez um dia eu fique em casa
só escrevendo.
e receberei títulos
homenagens prêmios mil
e usarei troféus como decoração
e serei o representante de minha gente
e...

nesse dia

serei só um escritor.

(Foto: Laura Helena)

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Anatomia do vento*

nas veias de um abraço
descobri meu itinerário 1º
que contramão
acima do bem e do mar
o público é alvo
amor livre é um pleonasmo
antes tarde
do que amanhã

fones ilhas
histórias curtas arrastam tímpanos
e para não ser mosaico de uma peça só
construo um aeroporto em cada queda
coração capaz de respirar longe do sangue

aprendi a decorar vazios
miro vikings em cada tapa-olho
estranho e joia
uma imagem vale mais que a fotografia
rua sem saída é a terra pró metida
sonho ser a cor que diz pensa legendas
gole que traz luz aos joelhos
entre achados e vencidos
o amor pertence a quem se dá.


*
texto publicado originalmente na Antologia doburro - organização:Daniel Minchoni