sábado, 26 de fevereiro de 2011

Diversão S/A

(Paulo SS)
Como num fetiche sadomasoquista, nos consolamos vendo a agonia alheia. As expressões artísticas mais contempladas sempre foram aquelas que expõem os mais baixos dramas humanos. Sofrimento e choro, aliados a sorrisos brancos e olhos claros, são os ingredientes garantidores de sucesso e boa audiência. Todo mainstream sabe que a beleza é essencial, mas deve ficar em segundo plano. A dor é a estrela.
Toda angústia traz em si algo de sagrado e belo, assim como todo sucesso é carregado de histórias de fracasso, e vice-versa. Somos selvagens com roupas de pele de grife.
Assistimos à nossa realidade maquiada de outra coisa e nem percebemos que estamos do outro lado da tela; se torcemos pelo mais fraco, não é por sermos bonzinhos. Queremos que vençam porque cremos que somos eles, nosso dia vai chegar, teremos nossa vez. Enquanto isso, agimos feito aves de rapina, com controle remoto nas mãos e fome da miséria que não conseguimos deixar de consumir.

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