quarta-feira, 4 de maio de 2011

Crônicas de um tempo sem futuro


Fones de ouvido calam o mundo, emprestam trilhas escapatórias ao ar coletivo de quem não quer escutar seus lamentos em bocas alheias. 
Relógios feitos para marcar a eternidade, se distraem apostando segundos em corridas sem destino, num tempo que leva a lugar nenhum.
Jornais baseados nos manuais diários são arrancados das prensas sempre atrasados e, antes que estraguem, são engolidos sem mastigar.
Flashes atirados contra os espelhos refletem sorrisos cavalares produzidos sob o entusiasmo coagido de quem não ousa encarar a solidão de frente.
Noites mais iluminadas que dias indicam a suspeita de forças desconhecidas que precisam ser reveladas urgentemente em locais tão bem ignorados.
A vida toca a morte em segredo toda vez que alguém perde a dúvida procurando túneis na escuridão da fé.
Palavras armadas em versos sem alma manipulam a realidade de quem espera a salvação em biografias alheias.
Aprendendo beisebol em vidraçarias de mentira
(Erick Silva)
Em meio a esta onda crescente de desesperança e medo, ainda assim, pessoas se casam e põem toda fé nos seus votos de amor; crianças nascem, vão para escola e aprendem a fazer lições iniciadas com “quando eu crescer” e acreditam que realmente serão grandes pessoas. Portanto não dá para simplesmente apertar o “DANE-SE” e dizer que tudo está perdido.
Ontem definitivamente não foi o melhor dia da minha vida. Mesmo assim, o peso do cansaço acumulado nos ombros e concentrado na testa não foi capaz de me fazer desistir, de me manter prisioneiro daquela sedutora cama de aluguel.
Houve um tempo em que tentei não esperar mais nada da vida, dos desconhecidos, nem das Cias de transportes e seguros. Depois de tanto quebrar a cara alimentando esperanças vãs, cheguei a me esforçar para não criar mais expectativas diante das pessoas. Ainda bem que não consegui, pois hoje sei o quão importante é correr atrás dos sonhos, ter a alternativa de seguir em frente, ainda que sozinho, e realmente, não esperar que ninguém faça por mim aquilo que eu desejo ou preciso. Sei o quanto é formidável se permitir acreditar nas pessoas e em finais felizes. Digo isso não no sentido da coisa ingênua e babaca, mas porque a vida precisa de alguma crença mesmo, de sermos mais pessoas físicas e não entidades com fins comerciais ou similares, entende?
O ódio é considerado por muitos como o símbolo máximo da subversão, do anti-sistema. No entanto, não há nada tão underground quanto a esperança e a bondade. Acreditar, isso sim é ter personalidade, é nadar contra a corrente.
Talvez até possamos viver sem os amigos ou amores, mas caso isso aconteça, deixaremos de ser gente e perderemos o elemento que nos liga a tudo que é supremo. Os outros somos todos nós.
Sobram argumentos para escrever crônicas de um tempo sem futuro, mas não. Hoje eu quero ser alegre, trocar idéias e manter o coração aquecido com a confiança de que os bons sentimentos permanecem seguros e inabaláveis. Ainda que o mundo não me dê tantos motivos, hoje quero falar sobre coisas bonitas, alegres e reais.

Um comentário:

  1. Como não amar?
    Cada um de seus escritos resulta em mim, sensações diferentes.
    Acorda!
    Siga em frente!
    SEJA FELIZ!!!
    Amo com muita força e intensidade cada um dos seus dizeres!

    Acredito muito em tudo que envolva você!

    ResponderExcluir