segunda-feira, 9 de maio de 2016

Na natureza asfalto

Levantou da cama
Como os vietnamitas dançaríam maracatu entre os campos de Minas
Preparou o café
Como a mãe arrumaria seu filho para o primeiro dia de aula
Escovou os dentes
como um lavador de carros poliria o mais novo lançamento da NASA
Cuidou do silêncio
como um oceano destruiria um castelo no coração Saara
Fechou a porta
Como um luthier daria o último ponto após uma cirurgia do miocárdio
Sonhou com um afeto derrotando o mal
feito um sorvete acariciando a língua de um dragão
Não foi trabalhar
Como se o fim fosse caso de atestado médico
Espera continuação
como uma criança quarentona aguarda o último episódio da caverna do dragão
E ainda há quem use fones de ouvido
nos olhos.

Um comentário:

  1. Apesar de acompanhar desde dezembro, nunca tinha parado pra ler seu blog. Esse é um poema que me faz arrepender disso.

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