quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

Bote Fé: Profissão Andarilho, 2015

Separar artista da obra não é preciso. Sentir também é impreciso. 
Criador do sarau ComplexCidade, o moço indaiatubano Bruno Peron produziu um livro com a marca da pressa destes dias. Romântica e com sede de bocas, sua primeira publicação foi feita para caber no bolso e proporcionar outras perspectivas do caminho.
O improvável virou ofício
Tanto quanto da observação, a poesia de Bruno nasce dos seus movimentos (e desconsertos) no mundo.
O poeta sabe que, diante da vida, apenas palavra não basta. Distribuir adjetivos, insultos ou reticências aleatórias também não dá conta. Vale mais o intangível. O sem nome é a busca.
Profissão Andarilho é uma biblioteca de um homem só - em expansão. Antologia de encontros, desejos, chamados e despejos.
Uma janela sem teto.
Peron espalha partes de sua história em cada página. E não se preocupa que lhe julguem fraco, lascivo, ingênuo ou campeão. (...)
Não há treino para esta viagem. Apronte suas asas e boa viagem. Procure saber.
Deixo aqui um poemeto pra lhe abrir o apetite. Ou não:
"Esquerdo
Escolheu um lado,
ficou com a metade

do coração." A releitura e esta resenha aconteceram sob o som dos discos:
- Selva Mundo, da Vivendo do Ócio
- Cada um tem o que merece, de Laranja Mecânica
- Quarto Mundo, de Fino Du Rap

Obs. Este é o Bote Fé, um projeto de mini resenhas de obras de autores vivos, que lançam livros nada convencionais.

Toda segunda-feira tem novidade na página:https://www.facebook.com/nibrisant/ 



sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Nícolas Nardi

"Isqueiro: fogão de bolso
Dedo: o braço da mão
Qubra-molas: a gravidez do asfalto"
Nícolas Nardi faz poesia parecer algo simples, fácil (não pobre, óbvio). A foto acima é dos fanzines que ele auto publica e vende por Novo Hamburgo-RS. 
Poesia barata, que te rouba um riso (e uma reflexão, de quebra) a cada página.
Além do conteúdo ligeiro, sarcástico e sagaz, os zines do Nicolas são feitos com zelo. Dá gosto guardá-los. E provam que não é a publicação de um livro (no formato tradicional) que batiza um poeta.
Perguntei ao músico Eduardo Dias o que ele pensava da obra do Nícolas: "achei a leitura bem tranquila, fácil, fluente. a coisa do cômico no tempo, os temas, a forma, as correlações...
os escritos me lembram aquelas palavras ditas por quem tem muita coisa em mente, juventude, ideias fervilhando, necessidade de expor, meio hiperativo (no melhor dos sentidos).
no fim das contas os escritos atendem à proposta que é do despertar no outro.
muito bom!"
Agora você ficou a fim de ler, né? Pois então... Vá ler gente viva. Antes que seja tarde. Emoticon wink Lidem com essa do Nardi:
"este livro não serve
para nada
mas se servir
de nada."


Procure saber mais e leia gente viva. Ou não.
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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

BOTE FÉ, Vitamina

"cérebro, para de telefonar pros meus olhos!"
Esta fração do livro Vitamina não dá conta da imensidão que é Juliana Bernardo. Mas abre alas. E levanta suspeitas, que são mais bonitas que velhas certezas. 
Vitamina é um livro de versos-imagens-desvios-encruzilhadas e mais mais. Sutil sem ser sem sal.
Editado por Eduardo Lacerda (Patuá), prefere a intimidade dum buteco ao hermetismo padrãoAcademia.
Juliana vai costurando a gente com suas entrelinhas (intertextos) cor de sangue e ontem e paixão e.
Livro sem maiúsculas. Nem ponto final - nunca. Imita um rio que corre na direção do céu.
Emaranhado de textos relâmpagos e maratonas, Vitamina é seleção de um time de goleiras. Voadoras.
Perguntei ao poeta Victor Rodrigues o que ele pensava de Vitamina. Ele disse: Imagens!
Pois vá ver.
Por esta e tantas outras, vale procurar saber: "transbordar é uma bênção
transbordar é uma lição

meu reino por desaguar você"


Procure saber mais e leia gente viva. Ou não.

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Bote Fé: DizCrição

Com formato de bolso, este é um livro pra ser lido de uma sentada (40 páginas). E ruminar por umas semanas:
"Quem pensava achar num caminho uma bala perdida 
no exato momento que nada procurava?"
Miró, o poeta do alegrismo, é apresentado com intimidade e cuidado por outras entidades: Pezão (cofundador da Cooperifa) e Otília. 
Publicado em 2012, é essencial para quem quer desfrutar e refletir a poesia contemporânea. Textos curtos e ressonantes.
Ora desequilibrista. Ora profético. Ora sem relógio. Emoticon tongue
Miró não é unanimidade... Ele é a poesia em pessoa. Um caso em que dissociar autor da obra é tarefa para argonautas.
Sem misticismo. Miró se aproxima - cada vez mais - da poiesis. Sempre humano e palpável.
Quem circula pelos saraus de São Paulo (e outras quebradas) certamente já escutou alguém levantando um poema desse pernambucano porreta. E foi assim no último sábado no Sarauê (recital poderoso realizado em Parelheiros): um puxou um poema de Miró, depois veio outro e outro... Aí lascou!
Li aqui-agora pro meu vizinho Tonhão (75 anos) alguns poemas do Miró e perguntei o que ele achou: "Porra. Esse cara ainda tá vivo?" foi a reação.
De quebra-queixo deixarei estes versos do DizCrição pra você procurar ler mais depois:
"Finalmente onde é que vamos parar?
O policial perguntou
- tá indo pra onde, boy?
-estou voltando, senhor!
foi preso por desacato

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Workshop Poesia como Start Criativo

Próxima semana estarei em Poços de Caldas trocando ideias sobre poesia, publicações e mais. Para informações completas, clique aqui