quinta-feira, 16 de junho de 2011

Super ego

(Paulo SS)
Feito sob medida para o seu riso
este não será um poema da moda
não terá tristeza maldade ou dor
nem fará sofrer seus 5 corações.

Este poema foi enxugado às pressas
entre as manchas dum papel toalha
num instante de projeções claras
sem expectadores para impedir.
Este poema será livre como todos os grafites
prensados no centro daquela 1ª segunda-feroz
que fazem da banca de jornal nosso livro dos dias,
uma Arte tão leve que só vale quando solta.

Mas meu bem, preciso dizer:
isso não é um poema
nem nada.
Sou eu.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Raquitismo Sentimental

(Marcelo Gerace)
A tua razão chegou com atraso de quase 3 horas
exatamente quando eu não precisava mais
a bebida acabou antes da minha sede
como sempre.

Pede informações a estranhos de como chegar fácil
mesmo sabendo que não tens mais para onde ir
pois minha companhia não está do teu lado
como antes.

A sua ditadura verbal entupiu as palavras de deveres
minhas mãos salivaram pelos sobejos do teu abraço
e a falta de confrontos foi o último dos sintomas
como tudo.

Dei minhas armas para tua proteção e atirastes no meu peito,
depois só restaram uns dois ou três motivos para ser triste
quando minha alegria é que tu nunca serás mais um deles
como jamais.

sábado, 4 de junho de 2011

Referências biográficas ou troca de figurinhas

A maioria dos meus heróis não tem superpoderes, força fora do comum ou qualquer outra virtude inata extraordinária que os tornem dignos de admiração. São quase todos anônimos, gente que enfrenta filas todos os dias, com contas a pagar, rotinas fatigantes e tantas outras aporrinhações iguais às nossas. 
(Paulo SS)
Travam lutas desleais para não ceder ao impulso natural de responsabilizar o destino ou outras pessoas por nenhum dos seus fracassos, mesmo os herdados.
Meus heróis estão por aí, andando com vontade. São tipos que não conseguem ignorar o que não é certo, fazem do inconformismo seu alimento, seu álibi para nunca tolerar as injustiças e crimes que se tornaram paisagens do nosso cotidiano.
São os que se negam a fazer o que é errado, ainda que a maioria o faça.
Não recuam, nem negociam coisas que não têm preço.
Conservam suas palavras, ainda que nunca tenham voz.
Meus heróis não herdaram a vocação para o sucesso através de nepotismos nojentos. Enfrentaram a tirania arrogante de quem vê o passado como único elemento capaz de determinar o futuro.
Meus heróis são raros. Alegrias e dores transparecem em cada átomo dos seus corpos, não sabem sentir comedidamente, pois desconhecem a medida burguesa de corações exatos e frios.
Meus heróis não nasceram para ser. Eles se fizeram. A partir daí, já são os melhores. Agora me diga, como são os seus?

domingo, 29 de maio de 2011

Para ninguém


(Marcelo Gerace - Inveja)

Separe as suas 10 melhores mentiras deste ano.
Recite as historinhas tristes da infância que não teve.
Carregue a expressão com seu monopólio da pior dor.
Estrangule a paz dos corações sem dúvidas.
Mutile todo desejo exibido em trajes molhados.
Boicote as lágrimas que tentam lhe causar remorso
e tenha um bom dia!

P.S.
Para quem acaba de sair daquela fossa, você até que não cheira mal. Mas não espere que os agentes da passiva lhe protejam quando o seu perfume vencer.
Eu amo muito mais do que a amei, mas ninguém saberá disso.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Depois da 24ª hora


(Erick Silva)
Hoje é um tempo com nada digno de ser contado,
medido em pulsos imóveis dos grandes ponteiros
vigilantes de cárceres da paz, que nos prendem
em tempos sem lembranças de como ser gente.

Dias que provei todos os gostos, bichos e cantos
meu miocárdio flertou com os “nãos” mais inalteráveis,
colecionou a solidão anunciada dos que me adoraram
e no fim, só amei aquilo que não consegui degustar.

Perdido na devassidão dos verdes anos, acordei tão alto
a ponto de enxergar o mundo inteiro sem abrir os olhos,
disputar as guerras mais intensas sem sair do lugar
e disparar beijos concentrados nos alvos mais distintos.

Já dancei músicas que só ouvi uma vez.
Sonhei com coisas cujo nome nunca soube.
Conheci os amigos que sempre quis ter
e desconfio que um dia, eu até fui feliz.

- Oh, que horas são?