quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Um salve à literatura*

Salve a quem tem o dom das palavras! Inquietada com tamanha grandeza de uma obra, Tratado sobre o coração das coisas ditas “ é um clássico contemporâneo para a alma. 
Em seus versos Ni Brisant declara: “ escrevendo me aproximo de ser gente”. E que tipo de gente, o da melhor companhia.Tanto que ainda estou em viagem , sem previsão de volta. Continuo a deliciar-me sobre seuspoemas, pois, além de versos marcantes encontrei-me em suas palavras como abrigo e descrição. “Mas meu bem, preciso dizer: isso não é um poema, nem nada. Sou eu” Nada me definiria melhor. 
Nesse encontro de palavras minha alma resolveu poetizar-se junto contigo. Reconhecer-se enquanto poesia . De forma arrebatadora suas palavras chegaram e aconchegaram-me nos braços, tocaram-me em diversos sentidos e formas, a começar pela poética, que maestria no dizer e arranjar das palavras, que peculiaridade em seus versos.
(Jacquinha Nogueira)
Estou fascinada! Neles me perdi e já não sei se quero voltar. Encontrei casa, moradia em suas palavras. Eis meu novo lar. Ainda que conhecesse alguns trechos dos poemas, não os conhecia em totalidade, vê-los sobre outra dimensão através do todo do poema, foi mergulhar por outros caminhos e que caminhos. Desbravando horizontes e possibilidades, seja nos trechos a descrever-me ou a ver a vida e tudo que a compõe sobre novos olhares. Ainda que a poesia tenha me arrebatado, as crônicas me devastaram por inteira. O primeiro contato foi fatal , e ler a crônica Flora, foi emocionante que sensibilidade e exposição dos sentimentos do homem e do que pai que tinha acabado de se tornar. Como esquecer deste trecho: “Como é raro acontecer, hoje meu corpo, alma e coração ocupam o mesmo espaço” seja no contexto que o compõe ou em adaptações para a vida do leitor o quanto essa frase nos é significativa de momentos únicos , exatamente daquilo que nos arranca do chão. Eis então os meus encontros “Referências biográficas ou troca de figurinhas” , “Para quem lê”, “ Dos postais” e “ Sobre o tempo e espaços que ocupamos” , que reflexões contemporâneas necessárias , nestes textos vi uma sensibilidade sem igual, a precisão das palavras e de cada assunto abordado, eis a razão a qual coloco “Tratado sobre o coração das coisas ditas” como um clássico contemporâneo , na idealização daquilo que deve ser lido por todos. 
São reflexões que nos levam além das vendas que carregamos sobre olhos. Leva-nos a um passeio sobre a alma, quem somos, o que fazemos para sermos quem somos. E de que forma enxergamos e somos vistos pela sociedade. 
“O lado perverso do cotidiano age tanto no silêncio quanto em meio às buzinas, adormecendo os sentidos, entorpecendo os sonhos. Entre “bons dias” e “ boas tardes”, vai transformando coisas formidáveis em lugares comuns”.Quem são os nossos heróis? Quem sou ? Qual a minha identidade , a minha raiz, e o que valorizo nesse contexto? O poeta e cronista recomenda:“ Seja sua própria Pátria” Nessa leitura de mim e do mundo eu só sei que não quero nunca mais sair. “A prisão é tão opcional quanto a liberdade. Contudo, para ser feliz são necessárias alguma ação de ousadia, ao passo que, para ficar preso basta se deixar levar e pronto. Ninguém está salvo do pior e se a vida é isso aí, então abra os olhos, para cima e viva tudo, mesmo”. 
Eis a minha escolha, “Sou Pátria”: “Minha arma é escudo revestido por coragem , a minha glória é o próprio combate, e enquanto a razão da luta mantiver o ideal de pensar livremente, moléstia alguma corromperá o meu espírito.”
Obrigada pela escrita e pela existência Ni Brisant, sei que é apenas o seu começo, jovem escritor. O Brasil te conhecerá e de minha boca a Bahia saberá o filho que tens. Indo a partilha de sua obra.
Abraços baianos!!"
* Texto postado hoje no Facebook pela leitora/amiga Jacquinha Nogueira.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Microcontos

Fabiana passa dias abrindo presentes
vivendo aqui/agora.
mas às vezes permite-se sonhar
só para viver um tempo inédito
que ainda não foi.
*
as vezes que amou,
Ingrid contava nos dedos.
mas as vezes que desamou, 
não contava a ninguém.
*
Roberta pinta-se,
não para esconder a tristeza
mas para fazer amor.
- Seu coração é a amazônia do mundo.
*
Danny amarrou o cadarço dele
sem notar que estava dando um nó 
em seus cordões umbilicais.
*
José nunca mudou para um "relacionamento sério"
queria mesmo é viver um amor
ainda que fosse secreto
clandestino e/ou impossível.
um amor.
(Foto: Alessa Melo)




quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

Contos diversos - Novas versões

Nana tinha vontade de sumir pra bem longe
toda vez que a saudade se aproximava.
até o dia que mudou-se 
pra perto daquele que morava dentro.
*
Karine treina para viver um amor livre
mas não tem problemas com a confiança que sente 
quando alguém segura sua mão
e diz "Vem, Ka."
*
Tailane não gostava de canções longas
nem curtas.
preferia dançar.
*
todo dia, Bruna digitava AMOR no google
enquanto Fabiano tentava digitar Bruna na vida. 
*
Giovanni prometeu ficar na vida de Jéssica 
mas só fez um rolezinho.
(Sarau Coletivoz / Belo Horizonte-MG)




segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

Contos diversos 3

Aline não temia o desconhecido
temia os ignorantes.
*
Natália gostava de cinema mudo
porque como nos livros
ali, todos os personagens tinham sua voz.
*
O amor era o limite de Adriana.
Ela nunca conseguiu superá-lo.
*
Mariana era apaixonada por música
mas não vivia sem o silêncio
que era só seu.
*
Janaína mandou Carlos sair de sua vida.
Mas Carlos disse que só sairia
se ela dissesse: por favor!
(Foto: Nane Dutra)

sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

Mais contos diversos

Jacquinha cabulava aula
para amar.
e aprendeu tudo assim
amando.
*
Mirtes calçava 34
mas usava 40;
Assim, sentia seus passos indo
aonde seus pés não alcançavam.
*
Regiane perdeu o medo de altura
quando visitou o fundo do poço.
*
Lucy teve 3 filhos.
de tanto crescer com eles
criou-se.
*
Georgina escutava Caetano, Chico, Elis...
mas era anônima 
a voz que lhe dava alegria.
*
Beatriz doou todos os seus brinquedos
queria ser infância 
para outras crianças.
*
Solange saía de casa toda vez que chovia
Pra ela, a chuva era um evento imperdível.
*
Gabriela tinha pressa de ser feliz
temia que seu amor evaporasse
antes de concretizar-se.
*
Marília fazia amor
como quem embarca numa missão estelar:
só tinha garantia de ida, 
mas ela fazia questão do retorno.
*
Ana tinha um gato em casa
mas vivia pegando cachorros na rua.
*
Mateus odiava multidões
Taty era a solidão que Mateus fazia.
*
Isabella pensava em fazer uma tatuagem bem grande
para cobrir a cicatriz que carregava no coração.
*
Pri vestia M
mas usava G.
Fazia isso pra sentir seu coração mais 
folgado.
*
Andréa queria ter um lar
seja lá como fosse
- só não podia ser muito distante
de dentro.
*
Maini tinha inveja do rio
queria desaguar
em alguém.
*
Pim tinha saudades da infância
uma vontade de crescer
ser tão menina de novo
e poder tomar banho na panela de arroz.
*
Taty nunca entrou numa roda de capoera
nem precisou.
aprendeu os paranauês da superação
com as rasteiras que Mateus lhe deu.