terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Sobrenome Liberdade - Revista Rebosteio e MISC*

Sara,
Ao invés do Aurélio, procure um sarau. E tu vai achar sentido de verdade quando encarar os arquitetos de sonhos – novinhos em folhas – em ação. Gente, que para provar a máxima de Leminski, inventou seu próprio estado de ser, uma segunda adolescência chamada movimento. Porque aos 17 anos todo mundo é poeta.
E pra sarau, não precisa convite nem senha. Toda palavra é mágica, mas o silêncio é uma prece.
(Fotografia: Renata Armelin)
Sarau é o trajeto que a palavra faz entre os lábios e o coração – diriam os românticos. Mas o contrário também pode ser.
Nada de novo no front: são palavras, são navalhas e eu sou apenas um rapaz latino americano, apoiado por mais de 50 mil manos. Sem aspas, entre amigos, poesia é dito popular. Pessoa é nóiz.
Lembra quando me disse que nem tudo cabe nos livros? Pois bem, no sarau cabe. Planos e viagens, paixões e pilantragens. Até poema de 10 segundos cabe. De vez em quando, suspeito que mesmo sua mania de solidão caberia lá.
Amiga, tu vai se encontrar vendo o Laudecir declamando. Ele é malandro, professor e poeta. Nunca escreveu uma rima, mas é, sobretudo, poeta. E ao contrário, também poderia ser.
Tem sarau pra todo mundo; sem se repetir. Alguns viraram grifes, mas a maior parte continua firme, com seus amores, protestos, revides e passos largos. Depois deles, nunca mais falei sozinho, sabia?
Sobrenome Liberdade. Um ritual com mais entidades que o panteão. Tivesse cobrança, seria igreja. Fosse mais longe, seria aqui em casa. E para garantir que é feito por palavras e pessoas livres, Grajaú.
Sara, vá.
Aliás, vamos! Porque sarau é lugar de chegar junto.

*Texto publicado na Revista Rebosteio nº 5 e MISC. Vale ir.


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